Delação motivou morte de Gritzbach, diz Polícia Civil

antônio vinícius lopes gritzbach

PAULO EDUARDO DIAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o empresário e delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) Vinicius Gritzbach, 38, tenha sido assassinado em decorrência da delação premiada realizada por ele junto ao Ministério Público.

Gritzbach, ligado à facção criminosa, teria se envolvido numa série de problemas com o grupo. Ele era suspeito de ter mandado matar dois integrantes da facção. A delação ocorreu oito dias antes de ele ser baleado.

Ele retornava de uma viagem a Alagoas quando foi morto a tiros em um área de desembarque do aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, no dia 8 de novembro.

De acordo com a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP (departamento de homicídios), a delação de Gritzbach expôs muitas pessoas, além de atingir diretamente esquemas de empresas de ônibus que passaram a ser investigadas.

“A motivação foi a delação do Vinícius. Por conta da delação, além de expor todo um esquema da corrupção, do que vinha acontecendo, ele acaba, na delação, ele também coloca, não só os policiais eventualmente, que foram os policiais que foram vendidos, ele também dá nome aos donos do PCC ali, que fazem a lavagem de dinheiro.”

“Ele deu golpe em muita gente”, complementou o secretário-executivo da Segurança Pública Osvaldo Gonçalves, o Nico. Ele chefia a força-tarefa criada para investigar a morte do delator.

De acordo com a delegada, há uma linha de investigação com um possível mandante, mas que pode haver mais pessoas. “Seria um consórcio”, disse Ivalda.

“Esse crime foi um crime de mando e de pagamento. Envolveu muito dinheiro, porque a ousadia com que foi feito, se arriscaram de tal forma… E também porque nós temos algumas informações que foi oferecido um valor, e determinada pessoa se recusou. Então isso foi passando até chegar no caso, infelizmente, a um policial militar, que foi detido”, afirmou a delegada.

Um dos atiradores de Gritzbach foi preso na manhã desta quinta-feira (16) durante uma ação da Corregedoria da Polícia Militar. Ele foi identificado como o cabo da PM Denis Antônio Martins, 40. Outros policiais militares foram presos na mesma operação. Martins deve passar por audiência de custódia na sexta-feira (16) no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte.

Martins foi preso segundo o artigo 150 do Código da Penal Militar -organização de militares para prática de violência.

Procurada, a defesa do PM Martins afirmou por telefone que todo o posicionamento será feito no processo, por se tratar de um caso em segredo de Justiça.

Além da Polícia Militar, Martins é investigado por homicídio pela Polícia Civil, que espera ouvi-lo em breve.

NAMORADA DE SUPOSTO OLHEIRO É PRESA

Uma outra ponta do emaranhado que virou a morte de Gritzbach resultou na prisão de uma mulher de 28 anos nesta quinta.

Segundo Ivalda, a detida, que se apresentou como modelo, seria namorada do homem procurado por suspeita de ter atuado como olheiro no aeroporto, ou seja, de ter avisado sobre os passos de Gritzbach no ao deixar o avião. Ele sestá foragido.

A mulher foi presa por suspeita tráfico de drogas, após a investigação apurar a participação dela em conjunto com o olheiro na venda e entrega de entorpecentes. Ela foi presa em Itaquera, na zona leste da capital. A mulher negou ser namorada do homem, mas afirmou que o conheceu em uma festa.

Conforme Ivalda, o procurado se refugiou por um tempo na favela Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. A investigação conseguiu registrar imagens dele no local. No entanto, a Polícia Civil acredita que ele tenha deixado a comunidade.

A Polícia Civil crê que a modelo presa tenha auxiliado na fuga do homem. Em depoimento, ela confirmou que o procurado ligou para ela diversas vezes através de números de telefone diferentes.

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