Afinal, o MCU ajudou na indústria de quadrinhos nos EUA?

Deadpool & Wolverine variante Rob Liefeld

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O Universo Cinematográfico da Marvel é a maior franquia dos cinemas nos tempos atuais, passando grandes nomes como Star Wars, Harry Potter e O Senhor dos Anéis (eu estou falando em termos econômicos, ok? Não vamos comparar qualidade ou história). De todo jeito, a “grande fórmula secreta” do MCU consiste em algo simples: criar um universo conectado, onde os personagens se conhecem e seus eventos acabam interferindo na vida uns dos outros, basicamente, o mesmo que os quadrinhos da Marvel vem fazendo há décadas.

E sim, não adianta negar, a Marvel Comics começou a fazer este “universo vivo e orgânico” nos anos 60, algo que acabou ajudando a empresa a vencer a DC Comics nas vendas e se provou bem útil no cinema. Mas afinal, com o crescimento tão estrondoso da Marvel na cultura pop, o quanto isso beneficiou o mercado e a indústria de quadrinhos?

O MCU não impulsionou a indústria de quadrinhos

Deadpool & Wolverine disponível Disney+
Reprodução/Disney

Vamos lá: Atualmente, o MCU tem cerca de 10 milhões de fãs espalhados pelo mundo. É óbvio, existem diversas “classes de fãs”, desde o fã mais casual até o mais hardcore. Mas ao contrário do que se pode pensar, boa parte desses fãs não leem quadrinhos. É triste, eu sei.

Para se ter ideia, o número de vendas caiu tanto que a Marvel Comics (e outras editoras também) parou de anunciar a quantidade de vendas de títulos – exceto quando alguma HQ específica bate recorde. Entretanto, sabemos que a indústria inteira conseguiu algo em torno de 1.8 bilhão de dólares em 2023, mas este número engloba mangás e até gibis infantis. Ou seja, o número de venda de super-heróis está jogado neste bolo.

Além disso, há outro problema. Este número não é a quantidade de vendas para o consumidor final, mas sim o quanto foi enviado para lojas, bancas e livrarias. Sim, tudo ficou mais nebuloso de um tempo pra cá, eu lembro quando fazíamos notícias sobre as vendas mensais de cada título. Mas a diferença hoje é grande: enquanto Deadpool & Wolverine fez mais de 1 bilhão de dólares, um título da HQ da mesma dupla só chega a fazer cerca de 100 mil dólares em vendas (isso com o preço de 5 dólares na capa).

Sim, as vendas não subiram por causa dos cinemas. Claro, há sempre uma procura por algum título específico por causa de um filme, mas não tivemos um vertiginoso aumento no número de leitores ou colecionadores de quadrinhos.

Os quadrinhos viraram um laboratório

Entretanto, isso não quer dizer que a indústria de quadrinhos esteja em risco. Com o sucesso do MCU e a necessidade de adaptar novas histórias para suas séries, animações e filmes, os quadrinhos acabaram se tornando um grande laboratório de ideias.

Ao longo dos últimos anos, a Marvel começou um verdadeiro ciclo de ideias, basicamente eles pegam uma ideia clássica dos quadrinhos, fazem um revival moderno e, a partir deste revival, a ideia acaba sendo adaptada para as telinhas ou telonas. Se as mudanças são bem aceitas, os quadrinhos agora acabam sendo influenciados pela adaptação, trazendo elementos visuais ou até mesmo da personalidade daquela figura do MCU (afinal, eles precisam vender as HQs e as pessoas precisam identificar o personagem lá). E a roda vai girando, girando e girando.

Em outras palavras, não há mais necessidade da real venda de títulos de quadrinhos. A Marvel Comics busca testar as ideias, ver o que funciona, sentir o feedback dos leitores (um grupo de amostragem bem menor e mais aberto às suas ideias), enquanto o sucesso é traduzido em novas histórias para sua contraparte na Marvel Studios. Com isso, a indústria de quadrinhos acaba se tornando imortal, porém, muito mais artificial. Claro, existem nomes interessantes que sempre surpreendem, tal como Jonathan Hickman, mas no geral, a coisa se limita a este sistema já descrito.

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