Milagre do agronegócio tem a ver com Cirne Lima, Alysson Paolinelli e Roberto Rodrigues

Diz uma lenda que o recém-eleito presidente Emilio Garrastazu Médici, preocupado com o projeto Brasil Grande dos militares, pediu a proteção da Virgem Maria. Seguiu-se um milagre. Ela o aconselhou: “Emilio, atente para o fundamental, o desenvolvimento só depende da ação humana. São os homens que fazem a diferença. Aposte nos bons e deixará um grande legado do seu governo”.

Emilio aceitou o conselho, mas, não sabendo como escolher, voltou à Virgem e pediu: “Como descobrir os bons?” Ela respondeu indicando três nomes: “Cirne Lima, Alysson Paulinelli e Roberto Rodrigues. Eles não são santos, mas, se tiverem uma oportunidade, realizarão uma revolução no agronegócio, que é a vocação do Brasil”.

Convencido da pertinência da sugestão, Emilio convidou o seu conterrâneo Cirne Lima para ministro da Agricultura. O ministro, de sólida formação e visão empresarial, anteviu ser prioridade investir em tecnologia para melhorar a deficiente produtividade do nosso agronegócio. A consequência foi a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ( Embrapa )com a missão de modernizar as práticas agropecuárias do país.

A Embrapa ganhou com a sabedoria de ter sido organizada nos moldes das empresas privadas: funcionários sujeitos à CLT (com carreira e salários de mercado), investimento no treinamento do corpo técnico (2.000 técnicos foram enviados aos melhores centros de treinamento do mundo ); continuidade administrativa (em cinquenta anos foram mantidas as diretrizes administrativas); subsidiariedade (os campos experimentais foram implantados nas diversas regiões do país, que têm desafios diversos); e sobretudo o ideal de colocar o agronegócio brasileiro na vanguarda mundial (o que está acontecendo).

O ex-ministro Roberto Rodrigues, definindo a meu pedido a causa das causas da revolução do nosso agronegócio, escreveu-me: “Geisel trouxe Paolinelli para o ministério depois de saber de seu trabalho excepcional como secretário da Agricultura de Minas Gerais no governo Rondon Pacheco. Alysson, que já tinha sido diretor da Escola de Agronomia de Lavras, era um crente na ciência e implementou a Embrapa. Foi a grande virada do agro brasileiro, que teve seu auge na conquista do Cerrado, até então desprezado. Programas como o Prodecer e Polocentro, criados por Alysson, mudaram o interior do Brasil. Jamais pagaremos o que devemos a esse Homem.”

Roberto Rodrigues acrescentou: “Quanto a mim, tratei de melhorar o que eles fizeram, com uma diferença: olhar para o papel do Brasil na segurança alimentar global, na transição energética e na mitigação das mudanças climáticas”.

Evidentemente, modesto como é, Roberto Rodrigues deixou de mencionar a sua liderança em diversas entidades voltadas ao desenvolvimento do agronegócio brasileiro (ler a biografia — “Roberto Rodrigues, o Semeador”, 400 páginas). Liderou o setor, presidindo a Sociedade Rural Brasileira, a Cooperativas de Crédito, e na Secretaria da Agricultura de São Paulo e no Ministério da Agricultura.

Roberto Rodrigues é um líder carismático, inovador, que lidera sem se impor. Conquista posições e seguidores pela sua idoneidade moral, competência técnica e um encanto pessoal. Além de que, na sua gestão como ministro da agricultura, salvou a Embrapa reconduzindo-a à administração profissional ao livrá-la do aparelhamento político implantado pelo petismo, que certamente a mataria.

Não só nas entidades de classe como no governo e principalmente como empresário, Roberto Rodrigues deu o testemunho de que realmente há homens que fazem a diferença. Eles, as três indicações da Virgem, tornaram realidade o milagre do agribusiness que está sendo a “ salvação da lavoura”.

O Brasil antes da ação humana, sugerida pela Virgem, materializada no milagre do nosso agrobusiness, era um importador de alimentos. Acreditava-se que só podíamos exportar café e açúcar. Importávamos para o consumo doméstico: arroz, trigo, maçãs, peras…

Esse milagre resultou na melhoria da qualidade, redução dos preços , preservação da natureza, liberação de mão de obra (só 13% da população dedica-se ao agrobusiness contra 70% antes). Deixamos de ser importadores para alimentarmos bilhões de estrangeiros. Sem os excedentes em dólares gerados pelo agrobusiness, a balança comercial do Brasil seria deficitária.

Nenhuma ideia, por mais genial que seja, pode ser a causa isolada de um milagre se não contar com alguns outros elementos. O milagre do agronegócio brasileiro não foi exceção. Deveu-se: à sólida e lúcida constituição da empresa; a dedicação ao projeto pelos seus dirigentes por todo o processo; a existência de competentes empreendedores dedicados ao agrobusiness; e um mercado mundial faminto.

A riqueza territorial, as oportunidades, a sorte só se transformaram em riqueza pela ação humana, como ensinou a Virgem. As oportunidades existiam: nunca faltou demanda mundial por alimentos; as nossas terras e o nosso clima não mudaram; o espírito empreendedor é da natureza humana… Enfim, as condições estruturais eram as mesmas, o que mudou foi a ação desses visionários que resultou no milagre do agronegócio brasileiro.

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