Ônibus aquático a R$ 50 é visto como ‘espanta turistas’ em Ilhabela

ISABELLA MENON E RAFAELA ARAÚJO
ILHABELA, SP (FOLHAPRESS)

Ao tentar comprar um tíquete do Aquabus, ônibus aquático que passou a funcionar em maio de 2024 na Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, a atendente parece surpresa. Ela diz que passa diversos dias sem vender um bilhete, e avisa que o preço de R$ 50 vale apenas para a viagem de ida –para voltar, são mais R$ 50.

O novo meio de transporte do balneário antes custava R$ 5 por trajeto e, em menos de um ano, sofreu um aumento de 900% –a gestão municipal afirma que a tarifa inicial era referente ao período experimental da operação.

Em nota, a gestão do prefeito Toninho Colucci (PL) diz que considerando “o elevado custo de manutenção do serviço, embarcações e a análise do número de usuários, foi estabelecido um novo valor para a tarifa”.

No início de janeiro, porém, quem procurava a tarifa cheia era logo orientado por moradores locais e procurar um posto próximo da balsa para fazer a emissão de um bilhete eletrônico que garante a tarifa de R$ 2,10. Na teoria, esse valor é reservado para quem vive ou trabalha na ilha, mas até este domingo qualquer pessoa pode tirar o bilhete.

A prefeitura diz que vai passar a limitar as emissões do bilhete a partir desta segunda (20), permitindo que apenas moradores e trabalhadores consigam retirá-lo, mas não explicou como fará isso. Pessoas com mais de 60 anos, menores de 6 anos e com necessidades especiais não precisam pagar.

Os pontos de embarque e desembarque ficam nas praias Grande, Perequê (perto da balsa), Engenho D’Água e Vila. Uma nova está em obras na Ponta Azeda, no norte de Ilhabela.

O transporte foi bem recebido por turistas, mas o aumento da tarifa deixa as embarcações visivelmente mais vazias. Nesta semana, funcionários diziam que os veículos estavam mais cheios nas férias de julho do que agora.

Anunciado em 2015, o transporte hidroviário começou a funcionar só no ano passado, após diversos problemas administrativos.

São usadas três embarcações, cada uma com capacidade para até 60 passageiros. O sistema funciona diariamente das 9h às 20h. O veículo é usado principalmente por turistas –moradores são minoria, uma vez que o transporte não dispõe de muitos horários e nem muitos píeres.

A professora Magda Campos, 49, aproveitava as férias com a família na Ilhabela e foi atrás do bilhete eletrônico para se locomover pela região pagando menos.

Hospedada próximo à praia Grande, no sul do balneário, ela e a família consideram que o veículo foi prático para as férias e que deve repeti-lo nos próximos dias. “É muito confortável, como se fosse um passeio”, diz.

Para turistas, o veículo é prático e ainda permite ver a bela paisagem da região. A estagiária Isabel Pereira Januário, 23, voltava para casa após curtir um dia de praia ao lado da mãe, a professora Marivânia Januário, 48. Elas já tinham usado o transporte nas últimas férias, em julho, e notaram uma queda grande da lotação das embarcações.

Marivânia define a nova tarifa como “espanta turista” e Isabel conta que, durante a viagem, viu diversos interessados na embarcação assustados com o valor. Com o bilhete eletrônico, porém, elas dizem que o transporte vale a pena.

“É como se fosse um passeio que a galera cobra R$ 120 de lancha”, brinca Isabel, enquanto faz algumas selfies com a mãe.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.