Nunes tira policial suspeito de elo com PCC de equipe que faz sua segurança

ricardo nunes

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Suspeito de ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), o capitão da Rota Raphael Alves Mendonça foi retirado em 16 de janeiro da assessoria policial militar do gabinete do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

O ato foi publicado nesta quinta-feira (30). Nele, Nunes torna sem efeito a designação do PM para compor a assessoria, responsável pela segurança do prefeito. Com isso, o agente também perde a gratificação que recebia pela função.

– PMs suspeitos de elo com PCC faziam escolta de autoridades de SP

Segundo a pesquisa pelo nome do agente no Diário Oficial do município, o prefeito designou Mendonça, excepcionalmente, para integrar a assessoria a partir de 24 de junho de 2024.

Procurada, a gestão Nunes voltou a afirmar que o policial militar trabalhava em funções administrativas e que a tarefa de escolta era eventual, “em substituição a outros policiais militares que se encontravam em fruição de afastamentos regulares”.

A prefeitura também foi questionada sobre o valor da gratificação recebida pelo policial na função, mas não respondeu. “Importante destacar que a seleção e movimentação desses profissionais são de responsabilidade da Polícia Militar.”

SUSPEITA DE ELO COM FACÇÃO

Como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, Mendonça e outro policial, o soldado Abraão Pereira Santana, que estava na Assessoria Policial Militar do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) são suspeitos de ligação com o PCC.

Santana foi preso como sendo um dos policiais que participaram da escolta pessoal do empresário Antônio Vinícius Grtizbach, delator do PCC assassinado no aeroporto internacional do Guarulhos com tiros de fuzil.

Antes disso, entre março e junho de 2024, o oficial integrou a equipe de segurança da cúpula do Ministério Público, participando da escolta do procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.

Mendonça trabalhou na Rota entre janeiro de 2016 a setembro de 2022, conforme relatório da Corregedoria. Ele deixou a agência do batalhão para assumir a chefia da Agência Regional no Choque, que reúne vários batalhões especiais, entre eles a própria Rota.

Policiais ouvidos pela reportagem afirmam que essa mudança ocorreu a pedido do coronel José Augusto Coutinho, quando este, que era comandante da Rota, foi indicado para assumir o comando do Choque. Coutinho teria levado o capitão com ele por considerá-lo de extrema confiança.

Atualmente, Coutinho é o número 2 da PM paulista: é subcomandante-geral da PM, cargo que assumiu fevereiro do ano passado quando o secretário Guilherme Derrite (Segurança) realizou a movimentação de 34 coronéis pelo Diário Oficial, em uma das grades crises da pasta.

A advogada do capitão Mendonça, Ieda Ribeiro de Souza, havia afirmado que ele jamais teve ligação com criminosos, nunca foi chamado pela corporação para falar sobre isso e continua trabalhando normalmente. “Eu posso te dizer que ele não tem o perfil de quem vai se envolver com o PCC”, disse.

Já o advogado Diego Eliel Dos Santos, defensor de Santana, havia dito que seu cliente realmente prestou serviço de segurança para a família de Gritzbach, mas desconhecia o perfil do delator, que era apresentado pelos empregadores como empresário.

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