Safra da uva impressiona pela qualidade e produtividade na safra deste ano

A safra da uva no Vale do Rio Pardo alcançou nível de excelência neste ano e impressiona pela qualidade e produtividade. Diferentemente de outras culturas que sofrem com os longos períodos de tempo quente e seco nas últimas semanas, as videiras se aproveitam dessa condição no fim do ciclo para produzir mais e melhor. Assim, tanto as variedades viníferas como as de mesa agradam a produtores e consumidores nas várias formas possíveis para o consumo.

Na localidade de Linha Herval de Baixo, no interior de Vale do Sol e no limite com Herveiras, está localizada a Videiras do Vale. A propriedade de Valdomiro e Sara Persch tem 6 hectares de parreiras, divididas nas variedades isabel, niágara rosada, niágara branca e moscato bailey. A produção na safra 2024/2025 chegou a 150 toneladas e é considerada uma das melhores desde a primeira colheita, realizada em 2015. “As condições climáticas foram favoráveis e carregou muito neste ano”, comenta Sara.

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A região escolhida pelos produtores chama a atenção, haja vista que não é comum esse tipo de cultivo por lá. A altitude de 560 metros em relação ao nível do mar é semelhante às existentes na Serra Gaúcha e em Encruzilhada do Sul, e explica o bom desempenho das plantas.

Sara revela que as estruturas para implantar mais 6 hectares de parreiras estão em fase de conclusão e mais investimentos estão previstos. O grande objetivo do casal é alcançar 1 milhão de toneladas produzidas por safra.

Além da distribuição das uvas in natura para grandes redes de supermercados de Santa Cruz e Cachoeira do Sul, estabelecimentos de Vera Cruz, Vale do Sol, Herveiras e Gramado Xavier também adquirem. Há ainda consumidores de toda a região que se dirigem à Videiras do Vale para comprar direto dos produtores. “No último fim de semana recebemos mais de 200 pessoas”, conta. O excedente é vendido para empresas produtoras de sucos e vinhos em Flores da Cunha.

Os planos de Sara e Valdomiro, contudo, esbarram em dificuldades que estão além do alcance da empresa. Uma delas é o acesso à propriedade, feito por mais de 8 quilômetros de estradas de chão batido a partir da RSC-153. Outro é a energia elétrica trifásica, cuja ausência impede a instalação de câmaras frias e equipamentos para beneficiamento da produção.

“Comprei uma máquina para produzir sucos há cinco anos e ela continua debaixo da lona”, lamenta Sara. Apesar das recorrentes demandas ao poder público, a situação permanece a mesma há vários anos e evidencia o gargalo enfrentado por diversas regiões do interior.

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Desempenho na Serra do Sudeste traz empolgação aos vinicultores

Conhecida pelas diversas vinícolas e propriedades produtoras de uvas instaladas, a região da Serra do Sudeste, com destaque para Encruzilhada do Sul, também comemora os resultados da safra 2024/2025. Com chuvas bem distribuídas ao longo de todo o ciclo das videiras e temperaturas amenas no período entre a formação das bagas e a maturação das uvas, os produtores estão empolgados com o que vem pela frente.

Conforme o enólogo e viticultor Giovanni Carraro, da Vinícola Boutique Lidio Carraro, a conclusão sobre a qualidade geral da safra só poderá ser obtida no fim de março, quando haverá a colheita das variedades mais tardias. “De qualquer forma, já temos indicadores muito positivos e esperamos uma safra de excelência”, afirma. Ao comentar as particularidades do ciclo atual, destaca a maior concentração aromática e polifenólica em razão da amplitude térmica acima da média.

Com isso, a expectativa é de que essa peculiaridade proporcione vinhos com muita personalidade e intensidade. “Além disso, as uvas estão com um excelente equilíbrio de acidez, tornando os vinhos muito vibrantes e com maior potencial de guarda”, complementa o profissional. O clima causou apreensão somente no início da fase de floração das videiras, em razão dos grandes acumulados de chuva. “Felizmente, isso não comprometeu e o resultado foram cachos bem formados e uniformes.”

A área de 60 hectares da Vinícola Lidio Carraro em Encruzilhada do Sul deve render cerca de 490 toneladas de uvas. O desempenho abaixo da média de muitos outros vinhedos tem uma explicação: o foco na qualidade em detrimento da quantidade.

“Trabalhamos com controle de produtividade por planta, para que a fruta atinja grandes concentrações dos seus compostos fenólicos, minerais, açúcares e precursores aromáticos, possibilitando a elaboração de vinhos de alta gama, para competirmos com o que há de melhor no mundo”, enfatiza Giovanni.

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“Uma das melhores em quantidade e qualidade”

A frase é do técnico agrícola Rotiere Guariente, chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar de Sobradinho. Segundo ele, a percepção geral dos produtores do Centro-Serra é de uma grande safra em todos os aspectos.

Assim como nas demais regiões, o clima colaborou durante todo o ciclo de desenvolvimento das videiras, e isso explica o bom desempenho dos vegetais em produtividade e qualidade. Ainda não há previsão de qual será a produção total.

As chuvas dentro da média na etapa de floração não exigiram tratamentos nas plantas, e o tempo seco e quente na maturação proporcionou alto grau de doçura. “A estiagem que está se prolongando nas últimas semanas até murchou alguns pés, mas nada que cause preocupação”, detalha.

No momento, ocorre a colheita das uvas de mesa tradicionais. Nos próximos dias, deve se iniciar a apanha das viníferas e variedades de mesa tardias. O processo deve se estender até o fim de fevereiro e início de março, conforme as condições climáticas. “A uva necessita de uma certa pressa na colheita; quando está pronta, precisa ser colhida”, frisa Guariente.

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