‘Tem fogo amigo, inimigo, tem para todo gosto’, diz Haddad

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CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu nesta quarta-feira (5), em entrevista à jornalista Miriam Leitão (GloboNews), que é alvo de fogo amigo no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Tem fogo amigo, fogo inimigo, aqui tem fogo para todo gosto”, disse. “Tenho um discurso coerente desde dezembro de 2022. Estou perseguindo os mesmos objetivos, com a mesma tenacidade e com a mesma certeza de que o Brasil pode melhorar muito e sair dessa armadilha em que entramos dez anos atrás”.

Haddad não citou nomes, mas, nos bastidores, auxiliares de Lula citam atritos entre o titular da Fazenda e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Além disso, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e integrantes do partido já fizeram críticas públicas à política fiscal conduzida pela Fazenda.

O ministro citou Lula para responder às críticas do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que o chamou de fraco e afirmou que ele tem dificuldade em comandar.

“Quem tem que dar resposta sobre isso é o presidente da República, que já deu no dia seguinte e falou: olha, uma pessoa que faz o Brasil crescer 7% ao ano, com a menor taxa de desemprego, aprova uma reforma tributária, as contas públicas, um marco fiscal”.

Para o ministro, armadilhas econômicas e políticas atrapalharam o país nos últimos dez anos por causa de conflitos que se estabeleceram. “O país se desorganizou completamente”.

Ele citou conversa recente com o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para defender que a política econômica seja uma política de Estado no Brasil.

“Perdemos essa consciência. Precisamos corrigir esses dez anos, botar as coisas em perspectiva e voltar a falar em desenvolvimento sustentável”, disse. “Para isso não pode ter privilégio, pauta bomba, amigos do rei”.

Haddad admitiu ter períodos de cansaço no comando da economia, porém, garantiu estar disposto a manter o compromisso com o presidente da República no comando da Fazenda até o final do governo. “Estou há 30 anos com o presidente da República”.

Segundo ele, nessas três décadas houve momentos mais difíceis. “Já vivi tempos muito turbulentos. De 2013 a 2022 foi uma década muito turbulenta no Brasil, sobretudo para a centro-esquerda. E, nos momentos mais decisivos, eu estava no olho do furacão”.

O ministro voltou a afirmar que não disputará nenhum cargo em 2026 e acredita que a gestão do orçamento federal será trabalhosa até o último dia. Haddad definiu essa atuação como árdua e dura. “Ficar botando ordem nas coisas, na rubrica A ,B, C, é super extenuante. E acredito que esse trabalho não vai ser concluído rapidamente”.

Em reunião com Motta e líderes partidários nesta quarta, Haddad apresentou 25 propostas da pasta para os próximos dois anos. O presidente da Câmara elogiou o trabalho do ministro.

Um dos pontos da conversa foi a adoção de medidas para combater os supersalários no setor público. Na próxima semana, o titular da Fazenda vai participar de um encontro com senadores para debater o assunto. Ele disse na entrevista a Miriam Leitão que já conversou sobre o tema com a cúpula do STF (Supremo Tribunal Federal) e que há um entendimento sobre a necessidade de ajustes.

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