Sindicalista não é dono de hospital, diz Lula após resistência à troca de gestão em hospital federal do RJ

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YURI EIRAS E ITALO NOGUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (6) que sindicalista “não é dono de hospital”, quatro meses após servidores acamparem na porta do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, em protesto contra mudanças na gestão do hospital.

A gestão da unidade foi transferida em outubro de 2024 para o GHC (Grupo Hospitalar Conceição), empresa pública vinculada ao governo federal. Nesta quinta, a emergência do hospital foi reinaugurada.

Em janeiro, cem leitos já haviam sido reabertos.

O Hospital Federal de Bonsucesso, um dos seis federais do Rio, foi atingido por incêndio em 2020 e três pessoas morreram.

Em 2021, a unidade foi citada em conversas na CPI da Covid. O ex-governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou em depoimento à época que “hospitais federais do Rio têm dono”, e mencionou, nos bastidores, suposta influência do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na unidade.

“Nosso plano de reestruturação já deu certo. Tivemos que quebrar alguns ovos, mas precisávamos seguir esse caminho. O hospital não só pegou fogo, mas esteve nas piores páginas da CPI da Covid. No governo anterior, a situação que já era precária se agravou muito mais. Pegamos o hospital literalmente abandonado, deteriorado, com servidores desmotivados”, afirmou a ministra Nísia Trindade (Saúde), durante a cerimônia de reabertura da emergência.

Lula não mencionou Flávio Bolsonaro, mas afirmou que “não se pode permitir que político, seja deputado, vereador, ou senador, mande nos hospitais”.

“Quem tem que mandar nos hospitais são os especialistas da saúde. Isso não é comitê eleitoral de ninguém. Quem quiser voto vá para a rua pedir.”

O Hospital Federal de Bonsucesso faz parte do plano de reestruturação dos hospitais federais do Rio, o que inclui a transferência das administrações.

Em outubro, cerca de 20 manifestantes, a maioria servidores federais de saúde, acamparam por quase 20 dias na porta da unidade contra a transferência das administrações, chamada por eles de “fatiamento”.

Dentre as mudanças, o Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, e o Hospital Federal do Andaraí foram municipalizados à Prefeitura do Rio em dezembro. O governo federal repassou R$ 150 milhões ao município para reorganizar as unidades, que conviviam com leitos impedidos e filas para atendimento.

Para o Hospital Federal dos Servidores do Estado, um dos que mais sofre com a falta de estrutura, o plano é uma fusão com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle.

O Hospital da Lagoa e o Hospital de Ipanema ainda não têm destinação. Para a Lagoa, há uma proposta, segundo o Ministério da Saúde, para a integração com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), através do Instituto Fernandes Figueira.

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