Grupo Ofá faz show para reverenciar as Iabás e homenagear Preta Gil

Grupo musical formado por integrantes da comunidade do Gantois – um dos terreiros mais tradicionais e cultuados do Brasil, principalmente pela figura da ialorixá Mãe Menininha, eternizada nas vozes de Bethânia e Gal através da música de Caymmi Oração de Mãe Menininha –, o Ofá se apresenta amanhã, às 17h, na Casa Rosa, com o show Encanto das Águas.Formado pelo percussionista e arranjador Iuri Passos que, além de cantar, cuida da direção musical, e pelos vocalistas Luciana Baraúna e Yomar Asogbá, o Grupo Ofá é considerado um dos principais nomes da música afro-brasileira no país.Convidada especial do encontro, a cantora lírica Irma Ferreira também estará no palco ao lado de Luciana e Yomar. Mas tem ainda Brenda Silva, Ivo Junior, Leilson Santos e Luan Badaró (percussão), Ícaro Santiago (piano), Tarcísio Santos (guitarra), Alexandre Vieira (baixo), além de Lito Martins e Angela Velloso (apoio vocal).Com direção geral de Glauber Amaral, a ideia da apresentação é ser uma noite de fé e celebração, conectando o público às tradições ancestrais das religiões de matriz africana e à riqueza da música popular brasileira.O espetáculo celebra as Iabás — divindades femininas das águas sagradas — e homenageia Mãe Menininha do Gantois (1894-1986) no mês do seu aniversário, já que a sacerdotisa afro-brasileira nasceu em 10 de fevereiro.“O propósito do show é reverenciar as mães de todas as águas, como Iemanjá, Oxum, Yewá e Nanã, já que ele antecede o dia do nascimento de uma das maiores ialorixás do Brasil, que completaria 131 anos de vida, e grande matriarca do nosso axé Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê (Terreiro do Gantois). Queremos celebrar mulheres que representam a figura materna, cuidado e sabedoria”, conta Luciana Baraúna.A cantora complementa, afirmando que “cada Iabá representa uma das faces da resistência da mulher, principalmente a negra, contra a opressão, a escravidão, o machismo e a violência”.Repertório sagradoFã de longa data da turma, Irma relata que sua relação com o Ofá tem muitas camadas. “Parte de um lugar afetivo, passa pelo fato de que a história do grupo atravessa minha relação com a ancestralidade, e, por fim, o grupo está na minha construção como cantora que traz, como parte de minha identidade musical, a relação com o repertório sacro do candomblé”.No repertório, músicas dos álbuns Odum Orin, Obatalá: Uma Homenagem a Mãe Carmen e Iyabá Shirê: O Poder do Sagrado Feminino (direção geral de Flora Gil).“Faremos o repertório tradicional do candomblé, em releituras que trazem uma relação viva com a ancestralidade e o sagrado, além de canções da música brasileira que reverenciam essas energias”, informa Irma.Entre cânticos sagrados em iorubá, Encanto das Águas homenageia uma intérprete da música brasileira e também vai contar com a participação especial do trompetista Joatan Nascimento e do cantor, compositor e violonista santamarense Roberto Mendes, que apresentará uma música inédita, criada especialmente para o show.“A artista homenageada é Preta Gil, que participou de uma das nossas músicas (O Doce do mar). Faremos um balaio, ofertando às mães d’água e pedindo que elas intercedam pela saúde de Preta, que é filha de Oxum”, informa Luciana.Em 25 anos de história, o Ofá tem construído um legado que vai além da música, promovendo resistência cultural e preservação das tradições afro-brasileiras. O grupo baiano foi indicado ao Grammy, em 2020, como Melhor Álbum de Músicas de Raízes em Língua Portuguesa com o disco Obatalá: Uma Homenagem a Mãe Carmen.Encanto das Águas – Grupo Ofá / 9 de fevereiro / 17h / Casa Rosa, Rio Vermelho / R$ 40 (meia) e R$ 80 (inteira) / vendas pelo Sympla
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