Projeto Saber sem Idade promove aulas do ensino básico para colaboradores da Novacap

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Por trás de cada rosto marcado pelo tempo e pelas histórias de superação, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) tem revelado um novo capítulo para dezenas de colaboradores que trabalharam na construção de Brasília e ainda se dedicam aos serviços de zeladoria e manutenção da cidade. Executado pela Escola Corporativa em parceria com o Sesi-DF, o projeto Saber sem Idade abriu as portas para tirar do papel um sonho que, por muito tempo, foi deixado de lado: o de concluir a educação básica de ensino.

Com 66 alunos ativos e 22 formandos no ano passado, a Escola Corporativa da Novacap dispõe de uma sala com mais de 20 computadores e uma plataforma de ensino online que permite que as aulas sejam acessadas também de forma remota. O apoio em tempo real dos professores e o formato flexível do curso têm sido fundamentais para o sucesso do projeto, que seguirá ativo para ampliar o acesso à educação dentro da empresa.

Um dos alunos é Amadeu Lázaro dos Santos, de 56 anos. Ele chegou à empresa em 1998, trazendo de Barro Alto (GO) a força de quem trabalhou no campo desde pequeno. Pedreiro por profissão, ele havia interrompido os estudos no ensino fundamental. Entre o casamento, o trabalho e a rotina, o tempo passou e a vontade de aprender foi ficando cada vez mais distante — uma realidade que mudou com o Projeto Saber sem Idade.

“Sem estudo, a gente não é nada. Eu sempre quis terminar meu ensino médio, mas nunca tive uma oportunidade como essa de agora. É um sonho realizado”, afirma Amadeu. “A idade não é empecilho, a gente tem que dar o primeiro passo e continuar. O conhecimento é tudo.”

Mais do que um projeto educacional, o Saber sem Idade é uma forma de retribuir o que os colaboradores da Novacap dizeram por Brasília

De acordo com a chefe da Escola Corporativa, Kamilla Miguel, a iniciativa é mais do que um projeto educacional, representa uma forma de retribuir os serviços prestados: “É uma reparação histórica. Somos uma empresa criada para construir Brasília. Esses alunos que hoje estão aqui são as pessoas que participaram ativamente da história da nossa cidade e que mantêm o verde que vemos aí fora. Tínhamos colaboradores que não eram alfabetizados”.

Ao todo, nove funcionários da companhia aprenderam a ler e a escrever em 2024. “Essas pessoas, por muito tempo, não conseguiam sacar o próprio salário. A gente precisava resolver isso, e resolvemos”, conclui Kamilla. Hoje, eles passam por um processo de adaptação para dar início à Educação de Jovens e Adultos (EJA), que conta, atualmente, com 66 alunos ativos.

Sonho

Cirilho Rodrigues: “Era um sonho concluir os estudos porque a gente precisa saber alguma coisa; ficar dependendo dos outros é ruim”

Cirilho Rodrigues, 67 anos, há mais de quatro décadas na Novacap, sempre foi movido pelo trabalho. Operador de máquinas na construção das pistas de Brasília, hoje divide o tempo como motorista de caminhão e na borracharia. Mas é somente agora, ao ingressar no EJA, que ele está alcançando um desejo antigo.

“Era um sonho concluir os estudos porque a gente precisa saber alguma coisa; ficar dependendo dos outros é ruim”, conta. “Eu sou nascido e criado na roça, então é tudo mais difícil, mas estou aprendendo.”

A iniciativa também é destinada às pessoas com deficiência, como é o caso do colaborador Ricardo Santos, 46 anos. Técnico da Novacap e diagnosticado com doença mental leve a moderada, ele encontrou na Escola Corporativa um espaço de acolhimento e aprendizado.

“Quando eu estudava na escola, eu me escondia debaixo da carteira, com vergonha. Aqui, me sinto bem à vontade, estou feliz. É a primeira vez que mexo em um computador, nunca imaginei”, diz Ricardo.

Com informações da Agência Brasília

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