Usina nuclear Angra 2 apresenta vazamento; entenda

Um vazamento na usina nuclear Angra 2, mantido sob sigilo, foi identificado em 25 de dezembro, mas a nova gestão da Eletronuclear adiou o reparo para a próxima manutenção, prevista para daqui a 12 meses.

O vazamento ocorreu no primeiro selo do núcleo, responsável por conter a radioatividade dentro da estrutura de concreto. Embora o manual da usina recomende que esse tipo de falha seja corrigida o mais rápido possível, os gestores optaram por postergar o conserto devido a cortes financeiros.

Atualmente, Angra 2 opera em um modo de emergência, segundo funcionários da usina, que preferiram permanecer anônimos. O selo comprometido exige uma substituição urgente antes que o sistema de dreno fique sobrecarregado, aumentando os riscos para a segurança nuclear.

A nova gestão da Eletronuclear, liderada por Raul Lycurgo Leite, reduziu gastos operacionais, incluindo a compra do selo de reserva, peça obrigatória para a manutenção segura do reator. Enquanto a empresa corta despesas, também alugou cinco veículos blindados para diretores, ao custo de R$ 230 mil por cinco meses, sem licitação.

Além disso, uma carta assinada por 27 supervisores de Angra 2 alerta que as mudanças internas estão comprometendo a segurança nuclear e a motivação dos funcionários. A Usina Nuclear Angra 2 faz parte do Complexo Nuclear Almirante Álvaro Alberto, ao lado de Angra 1 e Angra 3 (ainda em construção).

Nota da Eletronuclear:

“A Eletronuclear vem a público esclarecer e refutar as informações divulgadas pelo R7 acerca do suposto “vazamento” no reator da usina nuclear Angra 2. A empresa desde já esclarece que a usina funciona em plena segurança, dentro das especificações de projeto, e em condições normais de operação. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mantém inspetores residentes dentro da usina, 24 horas, garantindo a segurança da operação e está ciente desta condição prevista nos manuais de operação e especificações do fabricante da usina, a Framatome.

No momento, a usina opera com 100% de potência, na condição verde, seu nível máximo de segurança.

A referida matéria traz desinformação ao público e pode causar sensação de insegurança aos moradores das comunidades vizinhas. O texto se apoia nas imagens de um manual de treinamento interno de 2004, sem relação direta com os procedimentos operacionais atualmente utilizados na usina. Diante disso, reforçamos que a segurança das operações permanece garantida e não há risco de acidente nuclear.

Em relação ao sistema de vedação da tampa do reator, cabe explicar que esta possui dois aneis (selos) concêntricos responsáveis por sua estanqueidade. Entre estes, existe um canal de coleta (com sensores ligados à sala de controle) que conduz a um tanque de coleta. Vale ressaltar que, como em todos os sistemas da usina, estes selos atuam de forma redundante. Isto é, apenas um é necessário para garantir uma perfeita vedação. Recentemente, foi identificada uma pequena passagem de água pelo primeiro selo, inferior a 1 litro por dia. Esta água é coletada pelo próprio sistema do reator para um tanque de coleta, constante do projeto original da usina. O segundo selo permanece 100% íntegro, operante, e garantindo a vedação completa do sistema.

Trata-se de condição de operação dentro das especificações do projeto original da usina, tanto é que inexiste, quanto à isso, uma CLO – Condição Limite de Operação em aberto.

Além disso, reforçamos que, em qualquer cenário de necessidade, o chefe da usina (ou em sua ausência, o responsável pela sala de controle) tem autonomia para proceder com o desligamento. Além disso, os inspetores residentes da CNEN na usina também podem solicitar o pronto desligamento a qualquer momento que julgarem necessário.

Por fim, destacamos que a Eletronuclear vem enfrentando uma forte campanha de desinformação junto à mídia, especialmente em matérias que buscam associar as medidas de austeridade necessárias ao equilíbrio econômico da companhia a supostos riscos operacionais.

Diante do exposto, solicitamos a imediata correção da matéria publicada pelo R7, uma vez que distorce os fatos e expõe a população a um alarme indevido. A Eletronuclear reafirma seu compromisso com a transparência e com a segurança de suas operações, garantindo que todos os seus sistemas operam dentro dos mais altos padrões internacionais de segurança.

Nota da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)

“A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), por meio da Diretoria de Radioproteção e Segurança (DRS), esclarece que acompanha de perto e em tempo real a situação operacional da Usina Nuclear de Angra 2, rebatendo qualquer alegação de sigilo ou falta de transparência.

O evento citado na reportagem do Portal R7 ocorreu em dezembro de 2024, prontamente identificado pelos inspetores residentes da CNEN, que atuam 24 horas por dia na usina. Desde então, a situação vem sendo monitorada continuamente por meio do Relatório de Atividades e Situação Operacional (RASO), emitido diariamente pelo Distrito de Angra dos Reis (DIANG).

Os dados coletados indicam que o vazamento interno no primeiro selo do vaso do reator se mantém estável e não compromete os critérios de segurança estabelecidos pelo projeto. Importante destacar que situação semelhante já foi registrada em 2010 e tratada dentro dos protocolos técnicos.

O vaso do reator conta com um sistema de dupla vedação, garantindo redundância e aumentando as barreiras de proteção. O segundo selo permanece íntegro e cumpre sua função de impedir qualquer liberação de água contaminada para fora do circuito primário. Esse tipo de ocorrência é previsto no projeto da usina e está sob controle.

Além disso, a DRS/CNEN realiza auditorias regulares para garantir que os estoques de peças sobressalentes estejam em conformidade com as necessidades operacionais, verificando eventuais reposições necessárias.

Usinas nucleares, como Angra 1 e Angra 2, são instalações de alta complexidade, onde pequenos vazamentos internos podem ocorrer sem comprometer a segurança. Essas situações são continuamente inspecionadas e gerenciadas dentro dos padrões internacionais mais rígidos.

A sociedade pode ter plena certeza de que o Brasil conta com um órgão regulador rigoroso e incansável em sua missão de zelar pela segurança nuclear, garantindo a proteção da população e do meio ambiente com transparência e responsabilidade.”

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