Turista de 80 anos de SP é baleado ao entrar por engano no Complexo de Israel (RJ)

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BRUNA FANTTI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Um homem de 80 anos de São José dos Campos entrou por engano no Complexo de Israel, no Rio de Janeiro, onde seu carro foi atingido por tiros de fuzil, na tarde de sexta-feira (21). Ele foi atingido de raspão na perna, teve a blusa rasgada por supostos traficantes e foi agredido com tapas.

Em seu depoimento, a vítima contou que o aplicativo o orientou a sair da rodovia Presidente Dutra, devido a uma obstrução, e sugeriu o caminho por Cordovil, bairro que tem uma das expansões do Complexo de Israel.

Já nas esquinas ele passou a ver pessoas armadas com fuzis e, mesmo com ordem de parada, ele acelerou, sendo perseguido por um veículo branco, que passou a disparar tiros de fuzil contra o seu carro.

Quando seu carro caiu em uma barricada e já ferido por um tiro de raspão na perna, ele foi abordado pelos ocupantes do outro veículo, que teriam rasgado sua blusa e desferido tapas em seu rosto.

Ainda segundo o seu depoimento, os homens o teriam liberado após constatarem que ele não fazia parte de uma facção rival.

O idoso conseguiu sair da comunidade e seu carro foi rebocado. Ele procurou atendimento médico em uma unidade particular e foi liberado. O caso é tratado como tentativa de homicídio.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que “o fato foi comunicado na 77ª DP (Icaraí). A vítima foi ouvida e diligências estão em andamento para identificar os envolvidos. O caso será encaminhado para a 38ª DP (Brás de Pina), que dará continuidade à investigação”.

Conforme a Folha de S.Paulo mostrou, um relatório de inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro afirma que o Complexo de Israel expandiu seus territórios para 36 ruas consideradas antes somente residenciais, sem a presença do tráfico, na zona norte carioca. Nelas há remoção constante de barricadas.

A expansão teria ocorrido, segundo a polícia, após a pandemia, quando houve a instauração da ADPF 635, medida conhecida como ADPF das Favelas, ação que questiona as operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro.

O complexo é formado pela união das favelas Parada de Lucas, Cinco Bocas, Vigário Geral, Cidade Alta e Pica-pau, e enfrenta uma realidade marcada pela imposição religiosa. Nesses territórios, o traficante Álvaro Malaquias, o Peixão determinou a obrigatoriedade da prática do culto evangélico, expulsando moradores que professavam outras crenças.

Ele é o primeiro chefe do tráfico investigado por terrorismo, com a justificativa de que “a referida facção tem como objetivo auferir lucros com as atividades criminosas praticadas no local, bem como impor uma dominação religiosa na localidade, impedindo que a população local tenha o direito de manifestar ideologia religiosa diversa da que o líder da facção é seguidor”.

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