Bloco Filhos de Gandhy recua de veto a homens trans após Promotoria abrir investigação

Filhos de Gandhy

BRUNO LUCCA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O Filhos de Gandhy, mais tradicional afoxé de Salvador, é investigado pelo Ministério Público da Bahia por LGBTfobia após divulgar comunicado vetando a participação de homens trans em seu desfile.

Em notificação para seus componentes buscarem os trajes para o bloco nesta segunda (24), a direção disse que, conforme o artigo 5º do estatuto social, só poderiam ingressar na associação “pessoas do sexo masculino cisgênero”.

Tradicionalmente, o Filhos de Gandhy proíbe a participação feminina por motivos religiosos.

Em nota, o afoxé diz ter retirado o termo cisgênero do comunicado após repercussão negativa, mas ele segue no estatuto. Por isso, a organização afirmou que vai convocar uma assembleia para possível atualização do texto. “A sociedade está em constante transformação e debates sobre inclusão são fundamentais.”

“O Filhos de Gandhy, ao longo de seus 76 anos de história, sempre teve como princípio a valorização da paz, do respeito e da tradição. Tradicionalmente, e de acordo com os preceitos religiosos que o regem desde o início, o Afoxé Filhos de Gandhy é formado exclusivamente por pessoas do sexo masculino, de toda raça, credo, cor, religião, orientação sexual, partido político ou classe social”, segue.

Segundo a Promotoria baiana, o grupo foi oficiado com um pedido de informações e esclarecimentos sobre o caso. O órgão disse ainda que aguarda retorno para adoção das medidas cabíveis.

A Defensoria Pública da Bahia também se pronunciou, dizendo que a decisão tomada pelo bloco “claramente incita discriminação e preconceito”. O Filhos de Gandhy, segundo a entidade, está sujeito a punições pela lei que equipara atos de transfobia ao crime de racismo.

O órgão afirmou ainda que encaminhou ao afoxé uma recomendação de exclusão da cláusula citando “pessoas do sexo masculino cisgênero” de seu estatuto.

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