Delegado-geral de Tarcísio palestrou para empresa suspeita de lavar dinheiro do PCC

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ROGÉRIO PAGNAN, MARIANA ZYLBERKAN, FRANCISCO LIMA NETO E TULIO KRUSE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O delegado-geral do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), Artur Dian, participou como palestrante de um evento sobre segurança cibernética organizado em outubro de 2023 pela fintech 2GO Bank, alvo de operação do Ministério Público nesta terça-feira (25) sob suspeita de integrar esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado.

Dian foi apresentado como um dos destaques da programação, além do delegado Carlos Afonso, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), e do promotor Richard Encinas.

As imagens mostram que o encontro ocorreu em um hotel de luxo em São Paulo e teve como anfitrião Cyllas Elia, dono da 2GO Bank e ex-delegado do Deic, que foi preso na operação desta terça.
Segundo promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ele ofereceu serviços financeiros para despistar a origem ilícita de dinheiro e bens do PCC (Primeiro Comando da Capital). A Polícia Federal também participa das investigações.

Dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços nas cidades de São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública do estado afirma que os delegados participaram do encontro para “compartilhar as experiências da Polícia Civil de São Paulo no combate aos delitos cometidos em ambiente virtual”. “O evento contou com diversas autoridades neste campo, incluindo profissionais da iniciativa privada como gestores de compliance, policiais e membros do Ministério Público”, declarou a pasta.

Em nota, o Ministério Público diz que a participação do promotor Richard Encinas no evento foi institucional e que, na época, não havia suspeitas sobre a empresa patrocinadora. “A participação ocorreu de forma gratuita e sem qualquer subvenção ou ajuda”, informou o órgão.

A reportagem procurou as empresas 2GO Bank e Invbank, mas não obteve retorno.

A operação desta terça é um desdobramento das investigações iniciadas a partir da delação de Antônio Vinicius Gritzbach ao Ministério Público. Ele foi assassinado com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro do ano passado.

Segundo o Gaeco, a 2GO teria lavado cerca de R$ 6 bilhões, movimentando dinheiro no Brasil e no exterior, por meio de compra e venda de imóveis para lavar o dinheiro. No caso, as fintechs depositavam os valores vindos do PCC em contas de laranjas. Só então o dinheiro era usado para a aquisição de imóveis, dando ao negócio um verniz de legalidade.

Outra empresa denunciada, a Invbank, teria recebido R$ 11 milhões de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, apontado em várias investigações como liderança do PCC. Em sua delação, Gritzbach apresentou documentos mostrando que Cara Preta era sócio oculto da Invbank: ele tinha uma sociedade com a fintech destinada com a finalidade especificamente em imóveis, uma maneira de ocultar a origem do seu dinheiro.

Cara Preta foi morto a tiros em 2021, e Gritzbach era suspeito de ser o mandante do crime, o que ele negava.

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