Bloco faz 10 anos em BH com Princesa Leia de porta-bandeira e Chewbacca de puxador

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ARTUR BÚRIGO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS)

Os foliões que passarem na tarde deste sábado (1º) pela rua Marechal Deodoro, no bairro Floresta, em Belo Horizonte, podem se perguntar se estão diante de um bloco de Carnaval ou de um evento nerd.

Um carro de som seguido de uma bateria caracteriza o primeiro, enquanto pessoas com cosplay de Darth Vader, da saga “Star Wars”, e de outros personagens de ficção simbolizam o segundo.

A mistura, proposital, é a marca do bloco Unidos da Estrela da Morte, que chega neste ano à 10ª edição nas ruas da capital mineira. O nome vem da estação espacial, ícone central da trilogia original.

A integração entre personagens de Star Wars com o Carnaval fica mais evidente na porta-bandeira, trajada de Princesa Leia, e em um dos puxadores, vestido do personagem Chewbacca, cantando marchinhas sobre “Rogue One”, um dos filmes da saga, e sobre a personagem Rey.

Também estão no repertório trilhas sonoras de clássicos do cinema, do videogame e paródias.

O bloco foi criado por Daniela Itaborahy, 44, presidente do Conselho Jedi Minas, um dos fãs-clube de Star Wars espalhados pelo país.

A ideia era mostrar ao público alheio à cultura nerd os cosplays -prática de se vestir e representar um personagem de ficção, levada muito à sério entre os fãs.

“Essas fantasias, com a qualidade muito alta, estavam restritas aos eventos da cultura nerd. Eu, como presidente do fã-clube, falei ‘não tem condição, essas roupas são muito perfeitas para ficarem restritas aos eventos'”, diz Daniela.

Ela conta que, quando foi inscrever o bloco na prefeitura, em 2015, imaginava que contaria com a presença de 50 pessoas, mas que foi orientada a colocar um público dez vezes maior.

Naquele ano, porém, cerca de mil pessoas participaram do cortejo, segundo os organizadores. O bloco foi crescendo, e a expectativa é de que mais de 5.000 estejam presentes neste sábado. A concentração começa às 13h, e o minitrio elétrico começa a se movimentar uma hora depois.

Em 2016, o bloco deixou de ficar restrito aos fãs de Star Wars e passou a abraçar outras fantasias, como da série Star Trek -apesar de uma “rivalidade” antiga entre as trilogias-, de animes e outros personagens de ficção.

Até os chamados “cospobres”, fantasias de baixo orçamento, são bem-vindos no bloco.

“Isso não é tratar de forma pejorativa uma personagem, eu jamais permitiria isso. Mas não consideramos que um Darth Vader de bermuda é ofensivo. Isso é um Darth Vader em versão brasileira”, diz Daniela.

Uma ideia inicial, porém, permanece: fazer um trajeto curto -era em um quarteirão, hoje passou para dois-, em uma rua arborizada e sem pressa.

“Dessa forma, a pessoa que é sedentária e caseira não se assusta. Não dá tempo de ficar cansada, porque a duração do percurso é curta, a gente vai caminhando devagar. Virou uma alternativa de levar o nerd para a rua”, conta a fundadora do bloco.

A popularização com o passar dos anos levou para o bloco até gente que não era nerd de carteirinha. É o caso de Andreia Franco, a Princesa Leia que hoje ocupa o posto de porta-bandeira.

Ela conheceu com o marido e a filha o Unidos da Estrela da Morte em 2016 após ver a programação em um jornal popular. Eles retornaram no ano seguinte e, em 2018, começaram a participar dos ensaios.

“Naquele ano resolvi fazer meu primeiro cosplay de Leia, minha filha foi de Rey e meu marido de Han Solo”, diz Andreia.

Ela conta que o bloco e a amizade com seus integrantes a inseriram com sua família no circuito nerd, e hoje eles costumam participar de eventos ligados ao setor.

Outro preconceito que os organizadores do bloco pretendem quebrar é o de que nerd não namora.

Daniela conta que vários membros do fã-clube formaram casais e destaca o que, para ela, é um momento marcante da história do Unidos da Estrela da Morte: um pedido de casamento em pleno cortejo.

Aconteceu em 2019, quando Gleickson de Sant’Ana, com cosplay de Jedi, propôs a Juliana Ferreira, vestida de Sith.

“Eu queria que fosse diferente e que as pessoas que eram importantes para nós estivessem conosco”, conta Glieckson.

Ele é conhecido no bloco como Mestre Robin e é o responsável pelo abre-alas -a ideia de simular a estrutura de uma escola de samba é da fundadora Daniela, admiradora do formato.

Na dispersão, a partir das 16h, a despedida dos integrantes do bloco não poderia ser diferente: cada um deseja ao outro “que a força esteja com você”.

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