O mundo virou uma chapa quente

Os tempos são de Carnaval, e nos próximos dias vão ser geridos pelo Rei Momo e pelas rainhas das escolas de samba. É o período do ano em que a população pode extravasar nas folias da festa mais popular do planeta. Que, de todo modo, e pela previsão da meteorologia, serão igualmente marcados, apenas mais uma vez, por altas temperaturas, nesse tórrido verão deste 2025. A exemplo do que já acontecera na estação no Hemisfério Norte, a mesma conformação climática nos confronta com a dura realidade do aquecimento global.

Parece até premonição, e talvez a gente pudesse ter prestado mais atenção desde o princípio. Que, no caso, situa-se lá no passado, há mais de cinco séculos. “Vermelho como brasa” ou, simplesmente, “brasa ardente”. É o significado de… Brasil. Em alusão, claro, à cor rubra intensa e sanguínea da madeira de uma espécie de árvore, o pau-brasil, objeto primeiro da sanha exploradora, da ganância e da ambição que marcaram a ocupação da terra pelos portugueses. Ao longo do século 16, foi a grande riqueza e a fonte de renda dos colonizadores, que nada mais faziam além de desmatar e levar embora.

É um preâmbulo que nos leva ao contexto dessa semana, na qual enfrentamos temperaturas extremas a um ponto que deixou praticamente tudo exposto ao sol virado em… brasa. Em um nível que, a seguir por esse caminho (melhor, descaminho), talvez venha ser completamente insustentável para as próximas gerações. Essas “próximas”, no caso, são as dos filhos e netos da população atual, tão empenhada em degradar, explorar a qualquer custo, e de forma desordenada, desenfreada e inconsequente, para não dizer infantil (talvez o termo mais direto e objetivo seja mesmo: criminosa).

As cidades e boa parte do território brasileiro atual, desflorestados, transformaram-se em chapa de fritura exposta ao sol inclemente, para desespero de todos os seres vivos. Os humanos até se munem de um controle de ar-condicionado (quando podem), o que só piora as coisas (pois implica em aumento no consumo de energia, e fornecer mais energia obriga a degradar um pouco mais o ambiente, realimentando o círculo infernal). Mas… e todos os demais seres na natureza, que não têm controle de ar-condicionado?

Nas cidades, o problema é potencializado por insumos que só impulsionam a temperatura (asfalto, aço, ferro, vidro, pedras impermeáveis, combustão nos veículos). O futuro soa mesmo muito tenebroso. Em sintonia com o contexto, até as discussões ficam acaloradas. E, no entanto, como mostra reportagem especial nesta edição, assinada pelo jornalista Julian Kober, com fotos de Rodrigo Assmann, sobre a importância da arborização na área central de Santa Cruz do Sul, o caminho para solução barata, eficiente e perene é muito claro. É só questão de segui-lo, para o bem de todos, os de hoje e, em especial, os do futuro, que agradecerão pelo senso de responsabilidade das gerações atuais. Bom final de semana!

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