Duas linguagens, diferentes propósitos

Enquanto o papa Francisco, autor da encíclica “Laudato Si” (2015), se recupera num hospital, o presidente Trump vem escancarando o interesse por significativa porção dos depósitos de minérios estratégicos em terras ucranianas. Em que medida, se vai conseguir ou ficará para um outro momento, não sabemos. Todavia, para além de um fato específico, não há como ignorar que a linguagem da moeda, da retaliação e da desconstituição vem soando alta. Algo assemelhado já aconteceu com o petróleo e não tardará a ocorrer, com ainda maior intensidade, com a água, o que nos permite reavivar o que nossa mãe Natália, antes de seguir em frente, nos recomendou: “Sejam bons e livres, jamais deixem que falte água no mundo”. Ela se referia à água como dádiva coletiva, à semelhança da mensagem franciscana, atualizada pelo Papa Francisco em sua Encíclica de importante cunho socioambiental.

Em linguagem contrastante, o papa Francisco, honrando Francisco de Assis, nos tem convocado, na corajosa e necessária encíclica “Laudato Si”, para uma nova humanidade relacional com a natureza, até porque tudo está conectado em nossa “casa comum”, ou seja, ninguém vive sozinho, com o que o enfrentamento às mudanças climáticas e a busca pela paz são da corresponsabilidade de todos.

Neste cenário de interesses, nem sempre claramente expostos, nos vem à mente a trajetória do também presidente Barack Obama. Ele trouxe da casa materna a preocupação socioambiental. Porém, também Obama teve dificuldades em assumir de vez a pauta ambiental, mesmo quando se perguntou sobre o que “aconteceria com o Havaí, com as grandes geleiras do Alasca ou com a cidade de New Orleans” ou ao dizer que “imaginei Malia, Sasha e meus netos vivendo num mundo mais duro e mais perigoso, sem muitas daquelas maravilhosas paisagens que, durante minha infância e adolescência, me pareciam inabaláveis. Concluí que, se eu pretendia comandar o mundo livre, teria de tomar a mudança climática como uma prioridade de campanha e de presidência.” (OBAMA, B. Uma Terra Prometida. SP: Cia. Das Letras, 2020, p. 501). Fica a pergunta: por que é tão difícil assumir, resolutivamente, a pauta socioambiental?

Assim, a par de nos postarmos criticamente frente aos acontecimentos em curso, cabe ler e reler a encíclica “Laudato Si.” Torna-se oportuno, ainda, enfatizar o acerto do tema escolhido para a 47ª Romaria da Terra, a se realizar no dia 4 de março em Arroio do Meio (RS): “Reconstruir e Cuidar da Casa Comum com Fé, Esperança e Solidariedade.” Aliás, em que linguagem nos expressamos e qual nosso propósito?

FEIÇÕES DO CINTURÃO VERDE (5): SOM NATURAL

Um dos lugares mais venerados por Natália, que nos recomendou cuidado especial com a água, era a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, junto à Casa de Retiros Loyola. Ali, a sacralidade e a natureza, em exuberante simbiose, acolhem aos que buscam a paz. O lugar também recepciona leitores, a exemplo da jovem Rose Gomes, que não duvida: “O único som que se ouve aqui é o da natureza. Nossa sanidade depende da natureza”.

LEIA OUTROS TEXTOS NA COLUNA DE WENZEL,

quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no nosso grupo de WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!

The post Duas linguagens, diferentes propósitos appeared first on GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.