Romaria da Terra preserva a memória das enchentes

Devastado pelas enchentes que ocorreram entre o final de abril e início de maio, o município de Arroio do Meio – distante 72 quilômetros de Santa Cruz do Sul, no Vale do Taquari – será sede da Romaria da Terra nesta terça-feira. A 47ª edição tem como tema Reconstruir e Cuidar da Casa Comum com Fé, Esperança e Solidariedade e se inicia às 7h30, no Seminário Sagrado Coração de Jesus, situado na entrada do município.

São esperados fiéis de todo o Estado. Eles vão percorrer 2,5 quilômetros pelo Bairro Navegantes, uma área significativamente afetada pelas enchentes, até a rua coberta na praça central da cidade. A duração prevista é de duas horas.

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“Nesse percurso, nós iremos recordar os sinais da devastação, onde a água chegou, por exemplo, no centro da cidade, e também recordar o imenso movimento de solidariedade, voluntariado e reconstrução. Não só Arroio do Meio, mas todo o Vale do Taquari, do Jacuí e do Rio Parto”, afirmou o bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul, Dom Itacir Brassiani, em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9.

Para o líder religioso, a preservação da memória da catástrofe é um dos aspectos da romaria. Ela visa ainda proporcionar um encontro entre a Igreja e aqueles que sofreram e ainda sofrem com as consequências dos eventos climáticos.

“Não podemos jogar uma pá de cal sobre o acontecido. Temos vítimas fatais, com feridas existenciais e econômicas. Pessoas que perderam seus bens, propriedades e o meio de vida. É um assunto delicado e não podemos fazer uma exploração religiosa ou política”, defendeu.

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Na avaliação do bispo, é o momento de debater o cuidado com o planeta, de forma prudente e sensata. Segundo ele, a igreja também trata da questão ecológica na sua integralidade, inspirada pela Campanha da Fraternidade e pelo papa Francisco, que trouxe uma reflexão a partir dessa perspectiva. 
Ou seja, além do cuidado com as espécies vegetais e animais, há uma perspectiva humana, por meio das relações familiares e a superação do patriarcalismo e machismo.

“É também uma ecologia social que busca caminhos para uma cidade humanizada, habitável, e uma ecologia política e econômica, no sentido de desenvolver um projeto econômico que não considere a natureza unicamente como fonte de recursos, mas como espaço de vida, como espaço de interação entre as diversas formas de vida, inclusive do ser humano”, afirmou o bispo de Santa Cruz.

Para saber

A Romaria da Terra foi criada em 1978. Nasceu para celebrar a memória do povo Guarani e de Sepé Tiaraju, além de resgatar e recordar o martírio vivido por eles há mais de 250 anos.
Conforme o bispo dom Itacir Brassiani, os fiéis reúnem-se ecumenicamente e relembram a história da luta em defesa de seus territórios.  “Pouco a pouco, ela migrou para uma questão fundiária agrária e começou a encarar a necessidade de um projeto sólido de reforma agrária no País, para a destinação universal das terras”, explicou.

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Com o passar das décadas, foi agregando outros temas que representam um desafio para a sociedade. Ano após ano, migra para um lugar onde há uma questão contundente a ser debatida. Por isso, a escolha por Arroio do Meio.

“A Romaria da Terra tem um lugar onde há uma ferida existencial ou social, que  clama, que grita, que geme, e aí ela faz desse cenário o seu santuário, desse território, o seu território sagrado”, afirmou dom Itacir.

Programação

6 horas – Recepção das caravanas.
7h30 – Acolhida e café da manhã aos romeiros.
8h30 – Abertura.
9 horas – Início da caminhada e celebração percorrendo um trajeto de 2,5 quilômetros.
10h30 – Missa na rua coberta.
12 horas – Almoço partilhado e momento cultural e falas sobre o tema da Romaria.
14h30 – Anúncio da próxima Romaria e entrega dos símbolos.
14h50 – Leitura da Carta da 47a Romaria da Terra.
15 horas – Bênção de envio aos romeiros e romeiras.
15h30 – Encerramento.

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