Walter Salles expõe mágoa com Oscar: “Muito mais”

Um dos maiores nomes do cinema nacional, o diretor Walter Salles, enfim, conseguiu, o seu tão sonhado Oscar, e primeiro do Brasil, com o longa “Ainda Estou Aqui”. Em 1999, o cineasta “bateu na trave” com “Central do Brasil”, que recebeu duas indicações.

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Agora, 26 anos depois, o carioca admitiu uma “pontinha” de mágoa com o resultado do passado. Na época, a produção perdeu para “A Vida É Bela” na categoria de Melhor Filme Internacional e Fernanda Montenegro acabou derrotada em uma decisão controversa para Gwyneth Paltrow na estatueta de Melhor Atriz.Com Ainda Estou Aqui vencendo finalmente o troféu de Melhor Filme Internacional, o diretor acompanhou o posicionamento de Fernanda Torres que, apesar de assim como a mãe, ter perdido na categoria de Melhor Atriz, defendeu as escolhas da Academia e a consagração de “Anora”. Segundo ela, por serem independentes e feitos com poucos recursos, Ainda Estou Aqui e Anora são “primos”.“Eu sinto Ainda Estou Aqui como um primo do Anora. O Anora começa como uma comédia romântica e, de repente, ele tem um twist, assim, que você, que faz, largar o cinema pensando, assim, na dor e no amor, no afeto, na busca de afeto no mundo. E o nosso filme é sobre o afeto. Então, eu tive muito prazer naquela cerimônia e me senti muito entre nós, com a premiação do Anora daquela maneira”, pontuou”, afirmou ela em coletiva realizada nesta segunda-feira, 3, da qual o Cineinsite A TARDE participou.“Foi muito mais divertido do que o de 1999, realmente”, relembrou Salles na sequência, arrancando risadas dos presentes.Estados Unidos e autoritarismoAinda durante a coletiva de imprensa após o Oscar 2025, Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello compartilharam reflexões sobre Ainda Estou Aqui. O diretor destacou sua preocupação com a crescente fragilidade da democracia e o avanço do autoritarismo nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.”Estamos assistindo a um movimento de enfraquecimento democrático que eu não imaginava presenciar tão cedo”, afirmou Salles. Ele ressaltou a atualidade do filme, que dialoga diretamente com o cenário político americano, onde, segundo ele, a ameaça autoritária se espalha de maneira alarmante.”A crueldade tem sido usada como instrumento de poder, e isso é profundamente perturbador”, acrescentou o cineasta. Para ele, a arte e o cinema se tornam ferramentas essenciais na resistência a esse processo de cerceamento das liberdades, que não se restringe apenas aos Estados Unidos, mas se reflete em diversos países.

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