‘Outros não teriam sobrevivido’, diz Karla Sofía Gascón sobre cancelamento

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Karla Sofía Gascón, indicada ao Oscar de melhor atriz por “Emilia Pérez”, se pronunciou sobre a onda de ódio que vêm recebendo após postagens antigas de conteúdo xenofóbico e preconceituoso, ressurgirem no X.

A atriz pediu desculpas “a todos que ofendi em algum momento da minha vida e durante minha jornada”, em um comunicado à entrevista The Hollywood Reporter. Ela também discutiu o cancelamento e a saúde mental. “Outros não teriam sobrevivido a este inverno brutal que estou prestes a encerrar”, afirmou.

Segundo ela, suas falas vieram de um local de “medo, ignorância, e dor”. Gascón pediu perdão e se compromete a “continuar a aprender e escutar para não cometer os mesmos erros no futuro”

“Não me prendo a nenhuma bandeira política; apenas tento ser um ser humano em constante evolução, com sucessos e fracassos, mas com uma vontade inquebrantável de aprender, ouvir, admitir erros, pedir desculpas e perdoar os outros como me perdoo pela dor desnecessária que causei”, comentou.

Gascón, a primeira mulher trans indicada ao Oscar de melhor atriz, acrescenta que continuará a defender “os direitos dos mais desfavorecidos”.

“Emilia Pérez”, dirigido por Jacques Audiard, era um dos favoritos ao Oscar, indicado a 13 categorias. Mas poucos dias após o anúncio das indicações, postagens antigas de Gascón repercutiram nas redes. Apesar de se desculpar, ela foi excluída da campanha ao Oscar do filme, feita pela Netflix.

Na cerimônia da Academia, “Emilia Pérez” só conquistou as estatuetas de melhor música, por “El Mal”, e de melhor atriz coadjuvante, com Zoe Saldaña. Há quem diga que o escândalo de Gascón foi responsável por esfriar o entusiasmo dos votantes.

A atriz ainda disse, ao THR, que foram criadas contas falsas e que postagens atribuídas a ela foram deturpadas ou até fabricadas.

“As coisas escalaram a um ponto, e tão rapidamente, que eu mal conseguia respirar”, disse. Ela espera que o caso abra uma oportunidade para discutir de forma honesta a saúde mental, e que chegou um ponto “em que a dor foi tão avassaladora que contemplei o impensável.”

“Felizmente, mantive meu centímetro de sanidade para ver a luz no fim deste túnel de ódio e entender que devo ser e fazer melhor, e corrigir minhas falhas passadas, sem me envolver em mais escuridão. Caso contrário, se eu jogar o jogo deles, e retribuir e amplificar todo esse ódio que os outros projetam em mim, eu me perderia; nunca avançaria, e não seria capaz de continuar ajudando outros ainda presos na tempestade”, conclui.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.