Alexandre Padilha propõe “política permanente de Estado” para enfrentar dengue e novas pandemias

O novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assumiu o cargo nesta segunda-feira, 10, com um discurso focado na necessidade de um trabalho conjunto entre o governo federal, estados e municípios para combater a dengue. Em sua posse, ele destacou que a experiência adquirida no enfrentamento à covid-19 deve servir de aprendizado para a formulação de uma “política permanente de Estado para enfrentarmos novas pandemias”.

“A pandemia de covid-19, a um custo muito alto, nos apontou caminhos para enfrentar possíveis surtos e endemias. Só se enfrenta o problema de saúde pública com ciência. Isso significa ter profissionais mobilizados e bem orientados, estabelecer mensagem correta para mobilização das famílias e comunidades. Unir esforços em vez de alimentar conflitos políticos entre União, estados e municípios”, afirmou Padilha.

O novo ministro ressaltou a importância da cooperação entre todas as esferas de governo e da participação da população no combate ao mosquito transmissor da dengue. “O mosquito não é do prefeito, do governador ou do presidente. Ele está dentro das casas das pessoas e dos locais de trabalho. Somente seremos bem-sucedidos em reduzir os focos do mosquito, a transmissão da doença e os casos graves e óbitos se trabalharmos juntos”, completou.

Prioridades da gestão

A nova gestão do Ministério da Saúde terá como foco o fortalecimento das campanhas de vacinação, o enfrentamento de doenças tropicais como a dengue e a malária e a busca por novas tecnologias para aprimorar o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Padilha citou a produção da vacina 100% nacional contra a dengue pelo Instituto Butantan como um avanço para o Brasil. Segundo ele, a transferência de tecnologia que possibilitou essa produção garante mais autonomia ao país na fabricação de imunizantes.

Padilha revelou que, ao ser nomeado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a ele três prioridades para a sua gestão: ampliar a oferta de médicos especialistas para a população, combater a dengue com a aplicação de 60 milhões de doses da vacina nacional no próximo ano e aumentar a cobertura vacinal em geral.

“Aqui vocês têm um ministro e um presidente da República que dizem sim à OMS, sim às campanhas de vacinação e sim ao fortalecimento do SUS”, afirmou Padilha, ao declarar apoio à Organização Mundial da Saúde (OMS), que foi alvo de críticas no governo de Donald Trump. “Dizer ‘sim’ à OMS é dizer ‘sim’ à vacinação contra a paralisia infantil; é dizer ‘sim’ ao combate às DSTs; é dizer ‘sim’ ao combate às doenças tropicais como a malária.”

Críticas à gestão anterior e combate ao negacionismo

Em um discurso com forte tom político, Padilha criticou a gestão anterior pela forma como lidou com a pandemia de covid-19. “Não fosse a dedicação dos trabalhadores da Saúde, a negligência do governo anterior teria levado à morte de mais do que as 700 mil pessoas que morreram por causa da covid”, disse.

O novo ministro reforçou que sua gestão será pautada pelo compromisso com a ciência e a informação correta, enfatizando que seu principal inimigo será o “negacionismo”. Padilha também anunciou que pretende contar com universidades e centros de formação para reforçar a formação de especialistas, além de fortalecer a atenção primária à saúde. Ele destacou que esses esforços são fundamentais para garantir um atendimento de qualidade à população e combater surtos e epidemias de forma eficaz.

Fim da Tabela SUS

Outro ponto abordado por Padilha foi a necessidade de reformular o modelo de remuneração dos serviços de saúde. Ele prometeu “enterrar” a Tabela SUS, que define os valores pagos pelo governo federal a hospitais e clínicas conveniadas por procedimentos médicos e hospitalares.

“Teremos a coragem e a ousadia necessária para superar esse modelo da Tabela SUS. Enterrá-lo de uma vez por todas e garantir acesso [da população a especialistas]”, afirmou o ministro. “Queremos um novo modelo de remuneração que sinalize aos estados, municípios e Santas Casas que pagaremos mais e melhor pelo atendimento especializado no tempo correto.”

A Tabela SUS é frequentemente criticada por estar defasada em relação aos custos reais dos procedimentos. Padilha indicou que um novo modelo de pagamento será criado para garantir uma melhor remuneração aos profissionais da saúde e ampliar o acesso da população a serviços essenciais.

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