Como Foggy Nelson forjou sua morte nos quadrinhos

Estimated reading time: 7 minutos

Se tem alguém que sempre esteve na vida de Matt Murdock, foi seu melhor amigo e sócio, Foggy Nelson. E os espectadores, e leitores, aprendem a gostar desse cara assim como o Demolidor. Portanto foi um baque o que aconteceu com ele em Demolidor: Renascido.

Mas e se eu te disser, que existe um precedente nos quadrinhos, que indica que na verdade Foggy pode ainda estar vivo? Eu sei, eu sei, parece viagem. Mas senta aí, que tudo vai fazer sentido. Ou não.

468

Quando Demolidor: Renascido estreou, foi gratificante ver os amigos Matt, Karen e Foggy reunidos novamente. Porém, já nos primeiros minutos do primeiro episódio, intitulado “Meia Hora do Céu” o Mercenário matou Foggy Nelson. Parecia uma piada cruel da Marvel, trazendo o personagem de volta apenas para matá-lo. Curiosamente, um pouco antes da cena do assassinato, existe um easter-egg que está fazendo os fãs acreditarem que Foggy pode ter… forjado a própria morte! E o pior é que existe um precedente para isso nos quadrinhos.

Acontece que, minutos antes desse momento trágico, mais precisamente a partir do minuto 1:14, Matt, Karen e Foggy aparecem saindo do escritório Nelson, Murdock e Page. E quem prestar atenção nessa cena aparentemente inocente, vai notar o número “468” no prédio ao lado. Mas afinal, o que esse 468 pode indicar?

A Vida Secreta de Foggy Nelson

Bem, primeiramente, é importante contextualizar a reinicialização de numeração que a Marvel costuma fazer nos quadrinhos, dividindo as séries dos personagens por “volumes”. O “volume 1” do Demolidor, por exemplo, vai de sua criação em 1964, até a edição 380, de 1998. A partir disso, a numeração é reiniciada e começa um novo volume. No entanto, o número 1 desse novo volume, acaba sendo também o 381 da contagem geral.

Explicado isso, vamos até a edição #82 do volume 2, que na contagem geral é a de #462. Aqui começava um dos mais famosos arcos da fase do escritor Ed Brubaker pelo Demolidor, intitulado “O Demônio do Bloco D”. Na trama, Matt Murdock havia sido preso na Ilha Ryker, após sua identidade como o vigilante Demolidor ter sido divulgada.

Preso no mesmo local onde estavam vários dos criminosos que ele mesmo mandou para lá, Matt se viu em um verdadeiro inferno, com sua vida em constante perigo. No entanto, ele conseguia se virar, é claro. Como qualquer bandido que tentasse retaliação contra ele levava uma surra, eles logo se organizaram para acertar os entes queridos de Matt. Foi o que aconteceu quando Foggy Nelson foi até a penitenciária para visitá-lo como seu advogado.

Na saída, um carcereiro corrupto direcionou Foggy propositalmente até uma cela e o trancou, onde um grupo de presos já o estava aguardando. Com seus sentidos aprimorados, Matt ouviu tudo, enquanto seu amigo era espancado. Ele tentou pedir a uma guarda que fosse impedir, mas seus esforços foram inúteis. Por fim, Foggy foi esfaqueado na barriga e deixado para agonizar, enquanto Matt, impotente, escutava o coração de seu amigo parando de bater aos poucos.

E então, avançamos para a edição #88 do volume 2, ou melhor, a edição #468 da contagem geral. Sim, o número que a série faz referência. Nesta edição, adequadamente intitulado como “A Vida Secreta de Foggy Nelson”, descobrimos que na verdade a morte do amigo de Matt foi uma farsa. Na verdade, ele foi operado e sua vida foi salva a tempo, e depois ele foi colocado sob um programa de proteção a testemunhas, escondido em uma casa e sem contato com o mundo externo.

Foggy sofre muito por ter que mentir para as pessoas, sabendo que seus amigos, sua ex-esposa e até mesmo sua mãe acreditavam que ele estava morto. Ele também se preocupava com Matt e como sua “morte” o afetava. Na história, ele acaba fugindo da custódia do FBI, apenas para cair nas mãos de mafiosos que estavam só aguardando uma oportunidade de pegá-lo. Curiosamente, ele é salvo por ninjas aparentemente trabalhando para o Tentáculo.

A Segunda Morte de Foggy Nelson

Curiosamente, essa não foi a única vez que Foggy teve sua morte forjada nos quadrinhos. A segunda aconteceu um pouco mais tarde, quando Foggy foi diagnosticado com sarcoma de Ewing, um tipo de câncer. Matt procurou a ajuda de Hank Pym para combater a doença encolhendo e entrando no corpo de Foggy para combater as células tumorais.

Embora o tratamento não tenha sido bem-sucedido e apenas ajudado a impedir a propagação, Matt pretendia que isso levantasse o ânimo de Foggy, especialmente porque a identidade secreta do Demolidor ainda era pública e seus amigos ainda corriam perigo. Quando um novo Homem-Sapo tentou capturar Foggy, Matt aproveitou a decisão do vilão de autodestruir sua armadura para fingir a morte de Foggy. Matt o convenceu a pular na armadura e pular o mais alto possível antes que ela disparasse. A armadura explodiu, mas Foggy foi resgatado por Pym, que o encolheu. Depois de ter sua morte forjada com sucesso, Foggy se mudou para São Francisco para acompanhar a realocação de Matt, mas viveu escondido enquanto tratava seu câncer.

E em Demolidor: Renascido?

No entanto, é importante salientar que, no fim, tudo pode se tratar apenas de um easter-egg mesmo, sem qualquer implicação narrativa. Ao contrário dos quadrinhos, onde a morte de Foggy foi apenas percebida por Matt, que naquele ponto era um narrador não confiável por não estar no mesmo local, a série mostrou o personagem morrendo na calçada em frente ao Josie’s Bar.

Karen estava lá com ele, e Matt estava no telhado, com o batimento cardíaco do amigo em seus ouvidos até que não estava mais. Embora a série tenha pulado o funeral, simplesmente não parece haver o tipo de oportunidade para Foggy ter sido salvo e depois escondido. No entanto, é claro, tudo pode acontecer, caso os roteiristas assim o queiram.

Leia mais sobre Demolidor

• Siga o O Vício no Google Notícias e não perca nada sobre Cultura Pop!
• Demolidor: Renascido | Saiba data e horário da estreia no Disney+
• Jon Bernthal reescreveu falas do Justiceiro em Demolidor: Renascido, revela Charlie Cox

O post Como Foggy Nelson forjou sua morte nos quadrinhos apareceu primeiro em O Vício.