Posição de Putin sobre cessar-fogo é promissora, mas incompleta, diz Trump

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JULIA CHAIB
ASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (13) que a declaração de Vladimir Putin sobre a proposta de cessar-fogo na guerra com a Ucrânia é promissora, mas incompleta.

“Ele deu uma declaração promissora, mas não foi completa”, disse Trump, acrescentando que ainda é preciso que a Rússia concorde com a trégua. “Espero que façam a coisa certa,” afirmou o republicano.

A declaração foi dada à imprensa em reunião no salão Oval da Casa Branca com o secretário-geral da aliança militar Otan, Mark Rutte.

O secretário parabenizou o presidente americano pelas negociações para o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia.

Respondendo a perguntas de jornalistas, Trump afirmou que está recebendo “boas notícias” dos russos e disse que seria “decepcionante para o mundo” se Putin não concordar com o cessar-fogo.

“Então, muitos dos detalhes de um acordo final já foram discutidos. Agora vamos ver se a Rússia está disposta, e se não estiver, será um momento muito decepcionante para o mundo”, disse o presidente.

O presidente americano ainda disse que gostaria de se encontrar com Putin, mas que é preciso resolver rapidamente a negociação atual. O enviado ao Oriente Médio Steven Witkoff deve ter uma conversa com o russo ainda nesta quinta.

Questionado se os EUA teriam sanções a aplicar a Rússia para forcá-los a aceitar o acordo, Trump tergiversou. “Eu tenho meios, mas não quero falar sobre isso agora, porque no momento estamos conversando com eles, e com base nas declarações que ele fez hoje, acho que foram bastante positivas,” acrescentou Trump.

A fala de Trump ocorreu após a primeira manifestação pública de Putin sobre o acordo combinado por ucranianos e americanos na Arábia Saudita, na terça (11). Na prática, ele quer discutir com os americanos os termos da proposta antes de se comprometer com qualquer pausa nos combates.

A negociação para o fim da guerra fará parte do cardápio de assuntos que Trump deve discutir com o o secretário-geral da aliança militar Otan, Mark Rutte, durante almoço após reunião no salão oval.

O encontro ocorre num momento considerado decisivo para o futuro da aliança. Rutte deve defender a relevância do bloco enquanto é alvo de ataques constantes do republicano e alijado das negociações por um fim na guerra entre Rússia e Ucrânia.

No início da conversa com o secretário na Casa Branca, Trump afirmou que fortaleceu a aliança.”A Otan se tornou muito mais forte com minhas ações”, disse. O presidente também fez diversos elogios a Rutte, ex-primeiro-ministro da Holanda.

O reunião ocorre depois de o presidente americano critica reiteradamente os países que fazem parte da aliança militar do Ocidente por não atingirem a meta atual de gastar 2% dos respectivos PIBs com defesa.

Esse percentual foi acordado há mais de uma década entre as nações que compõem a aliança, criada na época da guerra fria.

Trump defende que esse índice seja ampliado para 5%, alegando que há disparidade em relação aos investimentos dos EUA.

Na semana passada, sugeriu que o bloco não atuaria para proteger o país caso ele fosse atacado. Mais do que isso, disse que só enviaria as Forças Armadas para atuar em caso de conflitos de países que o republicano julga contribuir ao bloco com uma parte adequada do respectivo PIB.

“Vocês acham que eles vão vir nos proteger? Hmm. Eles deveriam. Não tenho tanta certeza,” disse Trump em conversa com jornalistas no salão Oval na última sexta-feira (7).

“Eu disse que se vocês não vão pagar, nós não vamos defender… se vocês não vão pagar suas contas, nós não vamos defendê-los”, disse o presidente.

O presidente tem reclamado que os EUA dão muito dinheiro à Otan em comparação aos outros países.
Trump criticou repetidamente os países da OTAN por não atingirem a meta atual de membros da OTAN de gastar 2% do seu PIB em defesa. Ele argumentou que a disparidade é injusta e coloca um fardo adicional sobre os EUA.

O republicano alega que os EUA gastam quase US$ 1 trilhão em defesa e que a Europa depende do país no caso de guerra, porque os americanos têm, sozinho, mais aviões de transporte pesados do que toda a região.

Apesar disso, é incorreto dizer que os Estados Unidos bancam a Otan. Dos US$ 5 bilhões de orçamento da aliança em 2024, Washington contribuiu com 16% o mesmo que a Alemanha, seguida por Londres e Paris (10%), Roma (8%) e demais capitais de forma proporcional ao tamanho de sua economia.

Diante das críticas de Trump a Otan, a Europa está se readequando à estratégia adotada por Trump no conflito entre Ucrânia e Rússia e atuado para se armar a despeito da Otan contra uma eventual invasão dos russos. Como mostrou a Folha, o governo Trump agora chama o embate na região guerra por procuração. A retórica de Trump sempre foi a mesma: o conflito é um problema de europeus, e os EUA gastam demais com a Otan.

Por isso, a União Europeia promoveu um encontro na quinta (6) em Bruxelas para aprovar apoio ao plano anunciado de US$ 860 bilhões (quase R$ 5 trilhões) em vários anos, visando reavivar a indústria de defesa do continente e rearmar seus membros.

Zelenski estava presente, foi celebrado e agradeceu, mas na semana que vem vai à Arábia Saudita para azeitar conversas com americanos “sob a liderança” de Trump, como dissera na véspera. Disse que achava boa a ideia francesa de uma trégua limitada na guerra aérea para começar, e que “os ucranianos realmente querem paz, mas não ao custo de entregar a Ucrânia”.

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