Lucidez no primeiro tombo

Fiquei imaginando a entrada dos jogadores do Vitória no vestiário após a primeira decepção do ano. Só me veio à cabeça atletas extremamente tomados pela tristeza. Esse parece ser um cenário impensável por muitos, que preferem acreditar que os jogadores de hoje, por ganharem bem, não estão nem aí quando perdem. Penso o contrário. Principalmente em relação a esse time do Vitória, muito bem liderado por Tiago Carpini, lúcido ao falar, ainda de cabeça quente, sobre a eliminação para o Náutico na Copa do Brasil.A realidade não foi mascarada. Como quem assistiu ao jogo viu, tratou-se de uma noite que o jogo do Vitória não encaixou, muito pelo mérito adversário, posicionado prioritariamente para para se defender e pouco atacar, ambos com efetividade. E conseguiu.

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O bloco defensivo alvirrubro esteve muito bem firmado, não deu espaço algum, principalmente pelos lados do campo, onde o Vitória esperava construir o caminho para a classificação. Mosquito, substituído ainda no intervalo, e Lucas Braga, vaiado na saída de campo no segundo tempo, são o tom da estratégia ineficaz rubro-negra na noite.Carpini, por sua vez, tentou de tudo quanto possível. Mudou a forma de jogar em todo o segundo tempo, quando optou por ter dois homens de área, lançou o bom meia Pepê para construir o jogo e recolocou Rato na esquerda, sua posição de origem. Até com um só zagueiro jogou, tamanha a abdicação ofensiva pernambucana após abrir 2×0. Nada deu certo, bem diferente de boa parte dos 22 jogos anteriores, quando o Leão alcançou a segunda maior série invicta da sua história. Mas, óbvio, uma derrota, não pode jogar por terra toda essa construção. Carpini tratou de focar justamente neste ponto quando falou à imprensa no pós-jogo.Muitos pontos frágeis do Vitória, óbvio, precisam de ajuste, mas cada jogo é uma oportunidade para fazer diferente. E como o Ba-Vi deste domingo, na Fonte Nova, será completamente distinto do jogo da última quarta… Oposto é o adversário, a qualidade individual e o estilo de jogo, que propõe a partida, como o Vitória não conseguiu ser competente em fazer diante do Náutico. O Timbu, sim, serve de referência para o Leão neste primeiro clássico da final. Não me resta dúvida que a postura rubro-negra, pelas características do jogo, será de bastante cautela.

Janderson em duelo contra o Náutico

|  Foto: Victor Ferreira/EC Vitória

Na referida entrevista de Carpini, o técnico citou que espera para domingo uma postura que o Vitória possa entregar no restante da temporada, recheada de adversários de bom nível técnico, como é o Bahia.Sem o tempo que tanto teve na última temporada para treinar e encaixar o time, Carpini, de imediato, tem como única alternativa alcançar os ajustes necessários através da conversa. E o treinador tem legitimidade para receber uma escuta atenta do elenco, o qual ele defendeu também na derrota.Também se manteve humilde ao reconhecer seus próprios erros para a eliminação precoce na rentável Copa do Brasil, agora uma página virada no ano do clube. Agora as críticas vão se multiplicar, como os dias de sol na capital baiana. É se proteger para conseguir desfrutar dessa final com potencial para eliminar a ferida do meio de semana. Afinal, não dá para desanimar tendo momentos tão especiais para viver: vem Ba-Vi, fase decisiva da Copa do Nordeste, Sul-Americana e Brasileiro. Uma maratona inteira pela frente. Os tombos fazem parte de qualquer percurso desafiador, como é o ano de 2025 para o Leão.

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