A inteligência natural ainda existe

O futebol é um jogo de incertezas. Hoje, teremos várias decisões estaduais. No FLA-FLU, veremos Thiago Silva, Léo Ortís e, provavelmente, Léo Pereira, três excelentes zagueiros, com ótimos passes rápidos e para frente. Estão sempre em pé, anteveem as jogadas e desarmam sem tocar no adversário. É bonito vê-los em campo. O Flamengo tem mais chances de ser campeão, porém nada está decidido.O jogo é também estratégico. Se o Corinthians, contra o Barcelona, tivesse, desde o inicio, feito uma marcação por pressão intensa e sincronizada, teria muito mais chances de fazer um gol mais cedo e acabado com a desvantagem de três gols. Faltou ao Corinthians uma loucura organizada.

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O futebol também é improvisação. O Bahia está classificado após ficar 36 anos fora da fase de grupos da Libertadores. O Bahia é um time organizado, rígido, que troca muitos passes, mas que perto da área adversária precisa improvisar e ter um maior repertorio técnico.Futebol é também tecnologia. Se não fosse o VAR ninguém teria certeza que Alvarez, do Atlético-Madrid, teria tocado com os dois pés e na bola após escorregar na cobrança de pênalti contra o Real. O gol foi anulado e o Real Madrid se classificou para as quartas- de –finais da Liga dos Campeões. Deveriam mudar a regra e permitir que o jogador cobrasse novamente o pênalti, já que ele não teve intenção de tocar na bola com os dois pés e não há nenhuma vantagem nisso.

Deveriam mudar a regra e permitir que o jogador cobrasse novamente o pênalti.

Futebol é também analógico, inteligência natural, percepção mental e visual. Ancelotti queria que Endrick batesse o pênalti final, decisivo, mas como não gostou da reação de Endrick ao receber a comunicação, mudou de ideia e escalou o experiente zagueiro Rudiger para cobrar o pênalti da classificação.Futebol é também desempenho. O Barcelona é hoje o time mais encantador do mundo, mesmo se não for campeão espanhol nem da Liga dos Campeões. A equipe arrisca ao jogar com os defensores na linha do meio campo. Faz mais gols do que sofre. É um espetáculo ver o trio de meio campo, próximo do trio de ataque, trocar passes e envolver o adversário. São seis craques juntos e entrosados. O jovem meio-campista Pedri merece receber os mesmos elogios de Raphinha e Lamine Yamal, dois craques. Estamos em março e os apressados já discutem se Raphinha merece ser o melhor do ano e do mundo.

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|  Foto: Uendel Galter/ Ag. A TARDE

Ao ver Raphinha jogar, lembro de Rivaldo, outro craque. Os dois se parecem fisicamente, são excepcionais finalizadores, jogam no Barcelona na mesma posição, da esquerda para o centro e são craques de poucos lances, os decisivos.

Ao ver Raphinha jogar, lembro de Rivaldo, outro craque.

Quando Rivaldo ganhou o título de melhor do mundo, o técnico do Barcelona, o holandês Koeman, pedia que Rivaldo jogasse aberto pela esquerda para aproveitar seus excepcionais cruzamentos, fortes e de curva, como faz Raphinha. Rivaldo desobedecia ao técnico e ia para o centro para decidir o jogo. Raphinha faz o mesmo, porém com o incentivo do técnico, o alemão Hans-Dieter Flick.Futebol é coletivo. O Barcelona, com o seu forte conjunto, facilita para Raphinha e os outros craques. Dorival terá de fazer o mesmo na seleção brasileira. A consciência não é apenas para si, é também coletiva, para os outros.

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