Aiba: “Já somos referência em inovação no agronegócio”

O agronegócio baiano avança a passos largos na adoção de tecnologias digitais, tornando-se um polo de inovação e sustentabilidade. Apesar de desafios como conectividade limitada e altos custos, o setor investe em sensoriamento remoto, agricultura de precisão e gestão hídrica inteligente. Nesta entrevista ao A TARDE, o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Moisés Schmidt, da Aiba, fala sobre os programas como Agroplus e MonitoraOeste, que impulsionam a modernização das lavouras. Segundo ele, nos próximos anos, os investimentos devem aumentar ainda mais, com foco na irrigação e no uso racional da água para enfrentar as mudanças climáticas. Com isso, a produtividade também cresce, com ganhos de 10% a 30%, e reforça a sustentabilidade ao reduzir desperdícios e recuperar áreas degradadas.Considerando o cenário global de transformação digital na agricultura, como avalia a adoção de novas tecnologias no agronegócio baiano em comparação com outras regiões do Brasil e do mundo?O agronegócio baiano tem demonstrado um crescente interesse e adoção de tecnologias digitais, impulsionado pela busca por maior eficiência, produtividade e sustentabilidade. Embora ainda existam alguns desafios, como a baixa conectividade em algumas áreas rurais, o acesso a recursos financeiros, gargalos de infraestrutura elétrica e logística, observamos avanços significativos no cerrado baiano, se comparado aos anos anteriores. Em relação a outras regiões do Brasil, a Bahia tem particularidades devido à diversidade de culturas e tamanhos de propriedades, o que exige soluções tecnológicas adaptadas às nossas necessidades. Quando comparamos com o cenário global, percebemos que estamos acompanhando as tendências e já somos referência em inovação na implementação de tecnologias como agricultura de precisão, sensoriamento remoto, análise de dados e, sobretudo, sustentabilidade. Contudo, é necessário acelerar a eficiência logística e dos sistemas produtivos para alcançar o mesmo nível de competitividade global.Na prática, como a Aiba tem trabalhado para auxiliar os produtores baianos a implementar os princípios da agricultura 4.0 em suas propriedades, e quais são os desafios desse processo?A Aiba desempenha um papel fundamental no apoio à implementação da agricultura 4.0 na Bahia. Através de iniciativas como o Agroplus, o Projeto MonitoraOeste (em parceria com a Abapa e Embrapa), o Centro de Apoio à Regularização Ambiental, e outros estudos relacionados aos recursos hídricos, além da transferência de tecnologia irrigada para o pequeno produtor, fomentada pelo Prodeagro, em parceria com o Governo do Estado, buscamos gerar conhecimento e informações relevantes para os produtores. Além disso, promovemos eventos, treinamentos e workshops para disseminar as melhores práticas e apresentar as tecnologias disponíveis no mercado.Os principais desafios incluem a conectividade, já que a falta de internet 4G e G, que seja de qualidade, em áreas rurais dificulta a adoção de tecnologias que dependem da comunicação de dados em tempo real. O déficit de capacitação também é um obstáculo, sendo necessário investir na formação de produtores e trabalhadores rurais para o uso eficiente das novas ferramentas. O custo de produção de algumas tecnologias ainda apresenta altos custos, o que pode ser um impedimento para pequenos e médios produtores. Além disso, a integração de dados de diferentes fontes (como estações meteorológicas e sensores de solo) é essencial para uma gestão eficiente, mas ainda representa um desafio a ser superado.Em termos de investimentos, qual tem sido a destinação de recursos do setor para a área de tecnologia no agronegócio baiano nos últimos anos, e quais são as perspectivas de investimento para os próximos cinco anos?Nos últimos anos, observamos um aumento nos investimentos em tecnologia no agronegócio baiano, tanto por parte dos produtores quanto das empresas do setor. Os recursos têm sido direcionados, principalmente, para a agricultura irrigada, mas também para áreas como agricultura de precisão, sistemas de irrigação eficientes, monitoramento climático e softwares de gestão. Para os próximos cinco anos, de acordo com levantamentos dos órgãos oficiais, a perspectiva é que os investimentos continuem a crescer, impulsionados pela busca por maior produtividade, redução de custos e práticas mais sustentáveis. Acredito que veremos um aumento significativo nos investimentos em irrigação e em tecnologias relacionadas à gestão da água, em resposta aos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela necessidade de uso eficiente dos recursos hídricos.Qual o percentual de aumento de produtividade que pode ser atribuído ao uso de tecnologias como o sensoriamento remoto, a agricultura de precisão e outras ferramentas inovadoras?É difícil precisar um percentual exato, pois o aumento da produtividade varia de acordo com o manejo, a cultura agrícola, a região e o nível de adoção das tecnologias. No entanto, estudos e experiências práticas têm demonstrado que o uso de tecnologias como sensoriamento remoto e agricultura de precisão pode gerar aumentos de produtividade significativos, que podem variar de 10% a 30% ou mais, em alguns casos. Além disso, essas tecnologias contribuem para a redução de custos, o uso mais eficiente de insumos e a diminuição do impacto ambiental.Além do aumento da produtividade, como o uso de tecnologias no agronegócio baiano tem contribuído para a sustentabilidade das lavouras, e quais são os principais desafios e oportunidades nesse sentido?O uso de tecnologias no agronegócio baiano tem um papel fundamental na promoção da sustentabilidade das lavouras. A agricultura de precisão, por exemplo, permite o uso mais eficiente de fertilizantes e defensivos, reduzindo o impacto ambiental e os custos de produção, além de diminuir a necessidade de ampliação de áreas, já que as terras se tornam mais produtivas. O monitoramento climático e a gestão eficiente da água contribuem para a adaptação às mudanças climáticas e para o uso sustentável dos recursos hídricos. O sensoriamento remoto auxilia no monitoramento e planejamento da ocupação do solo de forma ordenada e legal, além de identificar áreas degradadas, permitindo ações de recuperação ambiental.Os principais desafios incluem o acesso à informação, sendo necessário garantir que os produtores tenham acesso a informações precisas e atualizadas sobre as tecnologias disponíveis e seus benefícios ambientais. Também é importante que os incentivos para a adoção de práticas sustentáveis, como linhas de crédito específicas e programas de apoio técnico, sejam mais acessíveis. A regulamentação ambiental também precisa ser clara e eficiente, incentivando a adoção de tecnologias que contribuam para a sustentabilidade.As oportunidades são imensas, e a região oeste da Bahia já é referência como um polo de agricultura sustentável, utilizando a tecnologia como ferramenta para conciliar produção e preservação ambiental. A região tem potencial para se destacar nacionalmente e internacionalmente pelo compromisso socioambiental dos produtores rurais.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.