Com concertos gratuitos, NEOJIBA abre temporada com classe característica

A abertura da temporada 2025 do NEOJIBA promete um mergulho na diversidade musical, reunindo obras de compositores de diferentes épocas e nacionalidades. A Orquestra se apresenta hoje (28) e amanhã (29), no Teatro Salesiano, em Nazaré, às 19h. A entrada é gratuita. O programa inclui Carlos Gomes, Jean Sibelius, Alberto Ginastera e Leonard Bernstein, em um diálogo entre tradição e modernidade.Segundo o maestro Ricardo Castro, a seleção reflete a missão do NEOJIBA de explorar repertórios variados e promover excelência musical.Carlos Gomes, maior nome da ópera brasileira no século XIX, tem sua Alvorada, da ópera O Guarani, como uma das peças do programa. Obra emblemática, foi a primeira composição de um brasileiro apresentada no Teatro alla Scala de Milão. Para Castro, interpretá-la reafirma a relevância histórica da música brasileira e reforça o compromisso do NEOJIBA com o reconhecimento de seus próprios mestres.

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Já o Concerto para Violino de Jean Sibelius traz a força do romantismo nórdico, com um lirismo profundo e desafios técnicos imponentes. Considerada uma obra-prima do repertório violinístico, a peça permite aos músicos explorarem nuances interpretativas complexas, aprimorando a sensibilidade e a maturidade artística dos jovens instrumentistas.Leonard Bernstein, um dos grandes expoentes da música do século XX, entra no programa com as Danças Sinfônicas de West Side Story.A obra, que mescla jazz, música urbana e elementos clássicos, simboliza o diálogo entre diferentes culturas e estilos musicais. Para o maestro, essa escolha reflete não apenas a versatilidade da orquestra, mas também sua capacidade de interpretar peças que desafiam padrões tradicionais da música sinfônica.Alberto Ginastera, um dos principais compositores da América Latina, é representado no programa pela Suíte Estância. Inspirada nos ritmos e danças argentinas, a obra se destaca pela energia visceral e pelo protagonismo do malambo, dança tradicional do folclore argentino.Segundo Castro, essa peça conecta os músicos com as raízes populares latino-americanas e reforça a identidade do NEOJIBA enquanto projeto inserido no contexto cultural do continente.A escolha desse repertório dialoga diretamente com o tema da temporada 2025 do NEOJIBA: “Raízes”. O conceito busca valorizar a identidade cultural de diferentes povos, demonstrando como a música pode preservar tradições ao mesmo tempo em que se reinventa. “Cada obra do programa expressa a identidade de seu país de origem e reflete como a música erudita pode ser um canal de expressão das culturas populares”, destaca Castro.A proposta artística do NEOJIBA sempre esteve alinhada a essa visão ampla de pertencimento cultural. Para o maestro, o programa não apenas capacita tecnicamente os músicos, mas também amplia suas perspectivas sobre o papel da música como ferramenta de transformação social. A orquestra, que já levou o berimbau baiano ao Concertgebouw de Amsterdam, segue reforçando sua identidade, ao mesmo tempo em que se projeta internacionalmente.Além do viés artístico, a seleção das obras tem um forte impacto pedagógico. Peças como o Concerto para Violino de Sibelius exigem não apenas domínio técnico, mas também um alto nível de interpretação e conexão emocional. “Nosso objetivo é provocar os músicos a saírem da zona de conforto, a se desafiarem e a evoluírem constantemente”, explica o maestro.Destaque internacionalO compromisso com a excelência já rendeu ao NEOJIBA convites para se apresentar em algumas das mais prestigiadas salas de concerto do mundo. Em 2025, o grupo embarca em sua nona turnê internacional, que incluirá apresentações em seis países europeus. Pela primeira vez, a orquestra tocará na Elbphilharmonie, em Hamburgo, e na Isarphilharmonie, em Munique. Também retorna ao Concertgebouw de Amsterdam e à Philharmonie de Paris, consolidando sua presença no cenário sinfônico mundial.Outro destaque da temporada será o lançamento de um concurso para jovens solistas do NEOJIBA. O vencedor terá a oportunidade de realizar uma experiência formativa no exterior, reforçando o compromisso do projeto com a formação de talentos e a internacionalização da música brasileira.Os desafios para expandir e manter a qualidade do NEOJIBA também fazem parte das reflexões de Ricardo Castro. A crescente demanda por acesso ao projeto exige um planejamento estruturado, sem comprometer a excelência conquistada ao longo dos anos.A requalificação do Parque do Queimado, sede do NEOJIBA, é um passo fundamental nesse processo, garantindo um espaço de alta qualidade para o desenvolvimento de novos talentos.O impacto do NEOJIBA na vida de seus músicos pode ser visto na trajetória de Isabela Rangel, ex-spalla da orquestra, que retorna agora como solista do Concerto para Violino de Sibelius. Para ela, a experiência é uma forma de retribuir ao projeto e compartilhar sua evolução artística com os colegas e o público.Rangel destaca que tocar com o NEOJIBA tem um significado especial, pois foi ali que desenvolveu grande parte de sua maturidade musical. “Tenho um carinho enorme pelo NEOJIBA e estou muito feliz em poder voltar como solista”, afirma. Atualmente, ela integra o naipe de violinos da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) e desenvolve um projeto de música de câmara com um quarteto de cordas.Para a violinista, a apresentação do Concerto de Sibelius é um grande desafio, mas também uma oportunidade de explorar ao máximo sua expressividade artística. “O público pode esperar uma performance carregada de emoção e intensidade”, garante.Palco como aprendizadoO legado do NEOJIBA se reflete nas conquistas de seus ex-integrantes, muitos dos quais seguem carreiras de destaque no Brasil e no exterior. O projeto se tornou um celeiro de talentos, formando músicos que hoje ocupam posições em orquestras internacionais e desenvolvem trabalhos de impacto no meio musical.Para os jovens violinistas que aspiram a se tornar solistas, Rangel destaca a importância de encarar o palco como um espaço de aprendizado. “A experiência de estar ali, enfrentando desafios, é uma das melhores formas de crescimento para um músico”, afirma. Ela aconselha os estudantes a buscarem uma base técnica sólida, ouvirem boas referências e estudarem profundamente a obra e seu contexto histórico.A jornada do NEOJIBA ao longo dos últimos 17 anos é uma prova do poder transformador da música. Mais do que uma orquestra, o programa se consolidou como um projeto social e educacional, proporcionando a centenas de jovens oportunidades que vão muito além dos palcos.Para Ricardo Castro, o futuro do NEOJIBA passa pela expansão responsável e pelo fortalecimento de suas raízes. “Queremos que cada canto da Bahia tenha acesso ao que há de melhor em educação musical. E queremos fazer isso sem perder a essência que nos trouxe até aqui”, conclui o maestro.SALVADOR SINFÔNICA – ABERTURA DA TEMPORADA 2025 DO NEOJIBAOrquestra NEOJIBASexta-feira e sábado, 28 e 29Horário: 19hTeatro Salesiano (Nazaré)Entrada gratuita*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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