Após aliança, criminosos do PCC pedem transferência para cadeias do CV

cadeia rio

TIAGO MINERVINO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Depois que os líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do CV (Comando Vermelho) firmaram uma aliança, criminosos da facção paulista que estão encarcerados têm solicitado transferência para presídios onde estão presos da organização carioca.

Com o acordo de paz entre as organizações, pelo menos 37 presos do PCC querem ir para cadeias onde estão criminosos do CV. Setores de inteligência das Seap (Secretárias de Segurança Pública e de Administração Penitenciária) de diversos estados estão atentos para a aliança entre as facções. A informação foi divulgada pela TV Globo e confirmada pelo UOL.

PCC e CV são as duas maiores organizações criminosas em atuação no país. Desde 2016, as facções estavam em guerra por poder e domínio do narcotráfico no país, sobretudo a rota do tráfico na fronteira com outros países latino-americanos, como o Paraguai e Bolívia.

Guerra entre as facções eram mais frequentes em estados fora de SP e Rio, onde as organizações têm membros, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde o CV se aliou a criminosos locais e expandiu sua influência.

Dezenas de presos de ambas as facções foram mortos em confrontos dentro de presídios da região Norte, como Manaus (AM) e Porto Velho (RO). O caso mais marcante foi o de Manaus, no primeiro dia de 2017, quando detentos ligados à FDN (Família do Norte, aliada do CV) mataram 56 rivais do PCC, no principal presídio da capital amazonense.

Com a aliança selada, eles propõem não apenas preservar a vida de seus membros, mas “fortalecer o crime” e almejam acordos com outras facções menores — no Rio, o CV disputa território com organizações criminosas como Terceiro Comando Puro. As Secretarias de Segurança Pública estão atentas para os perigos que esse acordo de paz representa, sobretudo para possíveis tentativas de libertar seus principais líderes, hoje encarcerados em presídios federais.

O UOL confirmou no último dia 13 a existência de uma trégua até então considerada temporária entre as facções. Marco Willian Herbas Camacho, o Marcola, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, líderes do PCC e do CV, respectivamente, atuaram para concretizar essa paz entre as duas organizações.

Aliança tem o intuito de “tentar derrubar os rigores do sistema penitenciário federal”, disse ao UOL o promotor de Justiça de SP Lincoln Gakiya. Para o promotor, as lideranças tentam o acordo desde 2019, mas só agora “se concretizou”.

São dois os objetivos principais dos maiores narcotraficantes do país. O primeiro é o de afrouxar as regras do sistema penitenciário federal, onde Marcola e Marcinho VP estão detidos há anos. Daí o receio das autoridades de que o principal intuito dessa aliança seja a tentativa de libertar Marcola e Marcinho.

Outro receio das forças de segurança é o de que a aliança signifique atuação conjunta de PCC e CV nas duas grandes rotas de tráfico de cocaína do Brasil: a rota caipira, dominada majoritariamente pelo PCC, que começa pela Bolívia e passa por municípios paulistas até chegar ao porto de Santos, e de lá levar a droga para países da Europa e África; e a rota do Solimões, na Floresta Amazônica, dominada pelo CV.

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