Pochmann vai viajar pelo Brasil para divulgar plano de trabalho do IBGE em meio a crise

LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vai divulgar o seu plano de trabalho de 2025 em eventos nas cinco grandes regiões do país na próxima semana.

As apresentações terão a presença do presidente da instituição, Marcio Pochmann, segundo as informações publicadas no site da agência de notícias do órgão.

A gestão do economista, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), virou foco de crise que se arrasta com protestos desde setembro do ano passado.

A turbulência ganhou força neste mês de janeiro, quando dois diretores entregaram seus cargos no instituto. Divergências com a gestão Pochmann teriam pesado na decisão.

Nesta semana, uma carta assinada por gerentes e coordenadores de pesquisas afirmou que o clima no IBGE está “deteriorado” e que as lideranças encontram “sérias dificuldades” para realizar suas funções.

Eles cobram mais diálogo com o comando do órgão nas decisões, além da revisão de projetos da atual gestão, principalmente a criação da Fundação IBGE+, que poderá captar recursos privados para a produção de trabalhos.

A presidência do IBGE, por outro lado, rebateu as críticas sofridas ao longo dos últimos meses.

Em comunicado, chegou a declarar na semana passada que o órgão é alvo de “mentiras” por parte de trabalhadores, ex-funcionários e instituições sindicais. A manifestação gerou indignação no corpo técnico.

De acordo com o IBGE, o plano de trabalho de 2025 será divulgado em cinco capitais -uma de cada grande região.

O início das apresentações da próxima semana está marcado para Belém, na segunda-feira (27). Depois, a programação segue para Recife, na terça (28), Brasília, na quarta (29), Vitória, na quinta (30), e Porto Alegre, na sexta (31).

O texto divulgado pelo instituto afirma que o plano de trabalho foi elaborado a partir de contribuições e diálogos com todas as diretorias e coordenações do IBGE, entre os meses de agosto e dezembro do ano passado.

O documento, segundo o órgão, direciona as ações estratégicas da instituição para o ano. A lista incluiria avanços na criação do Singed (Sistema Nacional de Geociências, Estatísticas e Dados), modernização de estruturas, preparação para o 12º Censo Agropecuário e realização da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), além de 265 divulgações de programas e processos novos, como um núcleo de inovação.

O plano também deve prever atividades internacionais e encontros do IBGE com outras instituições estatísticas em eventos como a COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontecerá em Belém em novembro.

“O IBGE segue atuando com a pauta técnica de relevância, ao apresentar o novo plano de trabalho de 2025 conduzido por comissão dos servidores e com participação de todos os setores do IBGE”, disse Pochmann na mesma nota.

Os trabalhadores, contudo, vêm reclamando da falta de diálogo nas decisões que impactam a rotina do órgão. O ponto principal das queixas é a criação da Fundação IBGE+, considerada pelos críticos uma espécie de IBGE paralelo.

A carta dos coordenadores e gerentes, divulgada nesta semana, afirma que a condução do órgão “com viés autoritário, político e midiático pela gestão Pochmann” é a verdadeira causa da crise.

“Sua gestão ameaça seriamente a missão institucional e os princípios orientadores do IBGE, na medida em que impõe a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros para a realização das pesquisas e projetos que compõem nossa agenda de trabalho”, declaram os servidores.

Na semana passada, a presidência disse que a fundação é “alvo de forte campanha de desinformação” por, possivelmente, evidenciar “conflitos de interesses privados” dentro do instituto.

Os trabalhadores ainda reclamam de uma suposta falta de diálogo da presidência na definição do fim do modelo de trabalho totalmente remoto na instituição.

A gestão Pochmann indicou que essa medida considerou a necessidade de preparar a recepção a quase mil novos funcionários que devem ingressar no órgão a partir do CNU (Concurso Público Nacional Unificado).

Também avaliou que as reações teriam sido motivadas por “interesses particulares” de parte dos funcionários, além de argumentar que quase todos os institutos de estatísticas do planeta já haviam retornado a jornadas presenciais.

A sede do IBGE fica no Rio de Janeiro. A capital fluminense não está entre as cidades com eventos agendados para a próxima semana.

A nota divulgada pelo instituto afirma que esta será a primeira vez que o órgão divulgará regionalmente o seu plano de trabalho.

O planejamento de 2024 incluía ações como a criação de uma “cultura de lives” para divulgação de conteúdos do IBGE, além de um programa televisivo em parceria com a TV Brasil, que não saiu do papel.

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