Gazeta, oito décadas de desafios

Há poucos dias a nossa Gazeta do Sul completou 80 anos. É uma façanha diante do quadro desafiador, não apenas pela instabilidade econômica, mas frente à necessidade de modernização constante para enfrentar a crise que atinge os veículos impressos em todo o mundo.

O segmento da mídia impressa busca a reinvenção diária. Agregar a internet ao tradicional “jornal de papel” é fundamental para manter-se em atividade. É uma exigência que requer criatividade e pesados investimentos em tecnologia, além da qualificação de pessoal.

Entre os anos de 1983 e 1985, morei em Santa Cruz do Sul. Tive o privilégio de trabalhar com grandes talentos na Gazeta. À época estava concluindo o curso de Jornalismo na Unisinos. Sob a batuta do saudoso Guido Kuhn, fiz inúmeros amigos com os quais mantenho contato até hoje. Conheci pessoas e lugares inesquecíveis.

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Esperar a edição “na boca da rotativa”, sob o cheiro de tinta no calorão das barulhentas máquinas linotipo, derretendo chumbo, integrava um ritual marcante. Em vários pontos do Rio Grande do Sul o jornal impresso é forte, fruto da tradição.

Recebo jornais pelos Correios, enviados de diversos municípios. Entre eles, “O Alto Taquari”, de Arroio do Meio, minha terra natal. Foi meu primeiro emprego como jornalista. Inúmeros conterrâneos mantêm há décadas assinaturas porque moram em diversos Estados e até fora do Brasil. Manusear as páginas, conferir as fotos e reconhecer velhos amigos ou seus descendentes é uma sensação única que só o “jornal de papel” proporciona.

Manter a circulação de um jornal requer criatividade e olho atento às colunas de receita e despesa. A dolarização dos insumos – papel, tinta, chapa, entre outros materiais – constitui um desafio financeiro, uma ginástica mensal “para fechar no azul”. A concorrência é ferrenha, turbinada pelo avanço sem precedentes da tecnologia. Agregar as novidades ao jornal impresso é impositivo para manter um produto atraente, moderno e sintonizado com o leitor.

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Aos 64 anos e mais de 40 de jornalismo, hoje pertenço a um tipo de profissional em flagrante extinção. Costumo dizer que sou um “bicho papeleiro” porque além dos jornais do interior que recebo semanalmente, mantenho a assinatura dos três jornais diários de Porto Alegre. Todos os dias, às 5h30, busco os exemplares na caixa postal. Depois de cevar um chimarrão no capricho, me debruço sobre o emaranhado de papel.

A Gazeta do Sul é uma vitrine moderna, tradicional e formadora de excelentes profissionais. São oito décadas ininterruptas de vida pulsante. Uma jornada para poucos. Parabéns aos leitores, colaboradores, anunciantes e à direção. Todos são indispensáveis à manutenção deste patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.

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