Pesca predatória: polícia apreende redes que podem ‘cobrir’ Lago Serra da Mesa e peixes que dariam para alimentar família por 23 anos

A pesca predatória ganhou destaque em Goiás após a apreensão de 1,2 toneladas de pescado durante operação do Batalhão Ambiental – da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) – nesta quinta-feira, 6, em Catalão. A ação entra para a estatística da corporação, que apreendeu 650 kg de peixe apenas em janeiro deste ano – média de 20 kg por dia. 

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No mesmo período, foram apreendidos 4.750 metros de rede, além de 46 tarrafas (espécie de rede). O dado segue a mesma tendência observada em 2024, quando foram contabilizados pelo batalhão a apreensão de 3,6 toneladas de peixe, 218 varas, carretilhas e/ou molinetes e 19.285 metros de rede – aumentos de 1.641%, 5.350% e 258% se comparado a 2023, respectivamente. 

Apenas a metragem das malhas de pesca, se convertido para quilômetros quadrados, equivale ao tamanho do Lago Serra da Mesa – o maior do Brasil em volume de água e o quinto maior lago do país em área alagada. Em relação a quantidade de pescado apreendido, seria suficiente para alimentar uma família de quatro pessoas que consume, em média, 156 kg de carne anualmente por 23 anos.

O subcomandante do Batalhão Ambiental, Major Bruno Portela, afirma que as altas demasiadas estão ligadas ao aumento do efetivo policial e, consequentemente, das operações.

“O efetivo hoje é de 125 policiais [no batalhão] para cuidar do estado inteiro. Em 2023 era 30% a menos. Pelo menos duas ou três vezes a cada mês, mandamos todo mundo para atacar uma região só. Inevitavelmente e variavelmente, realizamos maior volume de prisões e apreensões dentro do âmbito ambiental”, conta. 

Os policiais ambientais têm sede em seis municípios goianos, sendo: Goiânia, Jaraguá, Rio Verde, Caldas Novas e Abadia de Goiás, mas atuam em todas as regiões goianas. As cidades com maior taxa de incidência de pesca predatória, conforme Portela, são Catalão, Aruanã e Iporá.

O major explica que a pesca predatória é proibida durante todo o ano há pelo menos três anos, tendo a fiscalização reforçada durante a piracema – período reprodutivo dos peixes – que se encerra no final de fevereiro, em Goiás. Neste período, nem mesmo a pesca para subsistência ou esportiva é permitida.

Quem vive da pesca para sobreviver recebe um salário-mínimo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) durante os quatro meses do período de defeso. Entretanto, apenas os pescadores registrados há, pelo menos, um ano no Ministério da Pesca e Aquicultura têm direito ao benefício.

“A pena pode chegar a quatro anos, mas as multas podem variar de R$ 700 a R$ 50 milhões. Na operação de Catalão, foi arbitrada fiança de R$ 5 mil para cada um, além de multa de R$ 19 mil para cada, aplicada pela agência ambiental municipal”, reforçou. 

Principais espécies pescadas 

Portela diz que os peixes ficam vulneráveis durante o período de piracema, devido à exaustão provocada pela jornada de reprodução. Pescadores clandestinos, inclusive, usam dessa vulnerabilidade para capturar os vertebrados aquáticos. 

Entre as principais espécies apreendidas no estado goiano estão a curimba, tucunaré, pintado piau e a piraíba – esta última em risco de extinção devido a pesca e o comércio clandestino exacerbado. Goiás ainda tem espécies como a pirarara, jaú, pirarucu e dourado, também em risco de extinção.

“As apreensões são apresentadas à Polícia Judiciária, que é quem tem a discricionariedade de doar ou inutilizar os peixes. É comum a doação após o teste da Vigilância Sanitária de que o produto está apto ao consumo humano”, concluiu o major. 

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