Papagaios “testemunham” em divórcio e revelam traição

Dois papagaios foram levados a tribunal na Turquia para “testemunhar” em um processo de divórcio que chamou a atenção internacional. O caso, divulgado pelo jornal “Today”, viralizou nas redes sociais após o marido alegar que as aves repetiam frases que indicavam uma possível traição da esposa. Segundo relatos, os papagaios reproduziam a frase: “Meu marido não está aqui, vamos”, o que levou o homem a suspeitar que a esposa usava sua ausência para encontrar o amante.

O episódio, inusitado e pouco convencional, resultou na separação do casal e provocou debates sobre a capacidade dos papagaios de imitar sons e palavras humanas. A defesa do marido apresentou os animais como “prova” no tribunal, enquanto o advogado Ted Buckland confirmou a presença das aves no julgamento por meio de uma postagem na rede social X, antigo Twitter.

A habilidade dos papagaios e a ciência por trás da imitação

O papagaio-comum (Amazona aestiva) é uma das aves mais inteligentes do reino animal e pode viver por décadas. Sua impressionante capacidade de imitar sons e reproduzir palavras decorre da estrutura vocal chamada siringe, que permite emitir diferentes frequências. Contudo, especialistas apontam que os papagaios não compreendem necessariamente o significado das palavras que dizem – eles apenas repetem o que aprendem, seja por interação social, seja para obter recompensas, como comida ou carinho.

Um projeto chamado Sisbio-Aves, financiado desde 2012 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conduzido por um consórcio de 11 instituições brasileiras e norte-americanas sequenciaram o genoma da espécie e trouxeram novas descobertas sobre a inteligência e longevidade dessas aves. Os cientistas identificaram interações genéticas únicas que contribuem para o aprendizado vocal e para habilidades cognitivas avançadas. Segundo o pesquisador brasileiro Claudio Mello, um dos envolvidos no estudo, os papagaios conseguem superar até mesmo alguns primatas em certos aspectos cognitivos.

Pesquisas genéticas e a inteligência dos papagaios

A investigação genética do Amazona aestiva revelou que esses animais possuem aproximadamente 25 mil genes, número semelhante ao de outros vertebrados. No entanto, algumas mutações específicas explicam a longevidade e a notável capacidade de aprendizado vocal da espécie. “Comparando a genomas de outros papagaios e de aves diversas, além do humano, conseguimos identificar genes com diferenças marcantes e que indicam funções importantes na longevidade e nos processos cognitivos, relacionados à aprendizagem vocal da espécie sequenciada”, afirmou o geneticista Fabrício Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Um dos experimentos que demonstram a inteligência dos papagaios é o teste de “object permanence” – ou permanência do objeto. Essa habilidade permite que o animal compreenda que um item continua existindo mesmo quando está fora de vista. Segundo Claudio Mello, os papagaios conseguem resolver esse problema com facilidade, enquanto alguns primatas apresentam mais dificuldade quando perdem o objeto de vista.

Para a pesquisa, os cientistas utilizaram amostras de DNA de um papagaio chamado Moisés, nascido nos anos 2000 e atualmente sob os cuidados de uma veterinária em Pitangui (MG). 

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