Falta de agregado e de mão de obra dificultam trabalhos nas rodovias da região

Em diversas estradas do Vale do Rio Pardo, como a RSC-153 e a RSC-471, melhorias são aguardadas há tempos pelos usuários. No entanto, a demora para que essas obras sejam executadas é um frequente alvo de questionamentos. Em entrevista ao programa Estúdio Interativo, da Rádio Gazeta FM 107,9, na manhã desta quinta-feira, 9, o diretor-presidente da RGS Engenharia S/A, empresa responsável pela malha rodoviária na região, Rafael Sacchi, revelou que a falta de agregado e de mão de obra têm dificultado o andamento dos trabalhos.

Segundo Sacchi, que também é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada (Sicepot-RS) e diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), a RGS assumiu os serviços de conserva rotineira dos 493 quilômetros da malha rodoviária da região de Santa Cruz do Sul no fim de 2024. De pronto, a empresa assumiu as intervenções consideradas como prioridades pelo estágio avançado de degradação do pavimento. Quatro frentes de trabalho já foram abertas: duas de conservação, uma de intervenção pesada e uma de restauração asfáltica.

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“Isso é um volume muito grande, por óbvio, de rodovias. O Rio Grande do Sul tem pouco mais de 11 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, então a gente está falando de uma quantidade importante. E a gente vai atacar, e já está atacando de fato, os problemas passo a passo, conforme a gente consegue ter fôlego”, explica Sacchi. Segundo o diretor da RGS, a questão financeira não é um fator que dificulta o seguimento das melhorias. “Essa recuperação vai acontecer de forma gradativa, mas com uma injeção de recursos bastante substancial nesse primeiro momento”.

O principal problema é relativo à falta de agregado, ou seja, de matéria-prima para os trabalhos no asfalto. Sacchi conta que, em geral, as pedreiras são comerciais e estão com dificuldades de atendimento. “Houve uma retomada da construção, então os agregados das pedreiras vão para concreteiras, eles vão para usinas de asfalto também, como no nosso caso. Então a gente está adequando e ampliando a estrutura para poder atender mais frentes de serviço”, explica.

“Se a gente tiver disponibilidade hoje de 400 toneladas de agregado, eu não consigo dividir isso em duas frentes de asfalto, porque daí eu não avanço significativamente em nenhuma rodovia, e o custo disso é muito elevado. Cada patrulha de asfalto com caminhões custa mais de R$ 15 milhões”, conta o diretor da RGS.

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Além disso, ele aponta para o problema da mão de obra, o qual considera uma questão generalizada que o Brasil enfrenta, com o desinteresse das pessoas de atuarem na linha de frente da construção. “Hoje, o nosso maior concorrente chama-se benefício assistencial. O benefício é maravilhoso, são benefícios essenciais para tirar as pessoas da miséria. Mas, como não há um controle da permanência, o benefício tirou as pessoas da linha de frente, do trabalho, porque trabalhar na construção é um trabalho pesado. As pessoas hoje estão preferindo trabalhar pontualmente na informalidade e manter a garantia de um benefício assistencial”, comenta Sacchi.

Confira o que foi feito em cada rodovia

RSC-471

Considerada como prioridade pelo governo do Estado, a RSC-471, sobretudo no trecho de Encruzilhada do Sul, já está recebendo trabalhos de reperfilagem e tapa-buracos, visando uma condição mínima de trafegabilidade. Do trecho inicial, calculado em 27 quilômetros, entre o Cerro dos Macacos e a cidade de Encruzilhada do Sul, Sacchi diz que já foram reformados mais de 11 quilômetros somente em dezembro de 2024. “Essa evolução vai ser percebida de forma gradativa, mas a ideia do departamento é recuperar todo o segmento que está ruim”, tranquiliza.

No entanto, ele revela que a rodovia, considerada um importante corredor de exportação, apresenta problemas de grande magnitude. Sacchi calcula que, se a ideia fosse recuperar 100% da RSC-471, seria preciso utilizar todo o valor de R$ 55 milhões disponibilizado para a região.

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RSC-153

Outra rodovia vista como prioridade, com condições degradantes em todo o trecho entre Vera Cruz e Soledade, é a RSC-153. Nesse local, iniciaram nesta semana a roçada, os serviços de conserva e a limpeza de canaletas. Já nesta quinta-feira, estava prevista para começar a operação tapa-buracos. Após, terá início a reperfilagem, com a abertura de mais uma frente de trabalho. O cronograma prevê que o recapeamento do asfalto comece no início de março, segundo o diretor-presidente da RGS Engenharia.

VRS-858

A VRS-858, em Candelária, que liga a RSC-287 à localidade de Linha do Rio, foi uma das rodovias mais afetadas pelas enchentes. Sacchi revela que a estrada teve vários problemas de deslizamentos, com as águas do Rio Pardo destruindo o talude da rodovia e parte da pista. “O primeiro ponto foi recuperar pelo menos o leito estradal, recuperar a largura da plataforma que nós tínhamos. Para isso, já demandou uma intervenção com muita pedra e enrocamento. Posterior a isso, a gente já programou com o Daer uma análise dos trechos que demandam uma intervenção profunda”, frisa.

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ERS-410

Outra rodovia que demanda atenção da RGS Engenharia é a ERS-410, que aguarda pela pavimentação há décadas. Contudo, Sacchi revela que o projeto elaborado já está defasado, visto que foi feito em 1993, antes de começar a demanda pela passagem de veículos pesados pela região. Hoje, a empresa trabalha para redimensionar o pavimento, que tinha um projeto de seixo nas camadas inferiores e um tratamento superficial na camada superior. Enquanto não é possível a pavimentação, foi feita a recuperação da terraplanagem e a limpeza e execução das drenagens. Quando isso estiver regularizado, devem começar intervenções mais pesadas, que devem durar cerca de 24 meses.

Outras rodovias foram citadas, como a ERS-405, com previsão de início do desgalhamento na próxima semana, seguido por roçada, tapa-buracos e limpeza de canaletas; a ERS-400, entre Candelária e o Centro-Serra, que também deve ter melhorias mais robustas; e a ERS-403, cuja pavimentação está sendo finalizada.

Colaboraram Carina Weber e Lucas Malheiros

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