Hemocentro de Brasília registra estoque crítico de doação de O+

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Maiara Marinho
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O Hemocentro de Brasília registrou uma situação crítica no estoque do tipo sanguíneo O positivo. Embora seja o tipo mais comum entre os brasileiros, correspondendo a cerca de 36% da população, o período de férias e a temporada de chuvas têm contribuído para essa baixa. A expectativa é que, em fevereiro, o volume de doações aumente.

Nesta época do ano, é comum o estoque ficar abaixo do necessário. Isso ocorre porque o recesso escolar dificulta o deslocamento dos pais para realizar doações. Outro fator relevante é a diminuição de doações em grupo, já que empresas, escolas e faculdades – que organizam grande parte dessas iniciativas – entram em férias coletivas. Além disso, muitas pessoas aproveitam o período para viajar.

De acordo com a gerente de Captação de Doadores do Hemocentro, Kelly Barbi, a ocorrência de chuvas e as mudanças bruscas de temperatura também impactam o número de doadores. “A gripe e o resfriado, por exemplo, tornam as pessoas temporariamente inaptas para a doação. Paralelamente, a demanda por sangue costuma aumentar nessa época, especialmente devido a acidentes de trânsito, comuns no período de férias”, explicou.

O tipo sanguíneo O positivo, conforme explica Kelly, é crucial porque pode ser utilizado em transfusões para pacientes com os tipos A positivo, B positivo, AB positivo e o próprio O positivo. “Essa versatilidade faz com que o O positivo seja amplamente demandado em situações de emergência ou quando há baixa nos estoques de outros tipos sanguíneos”, destacou.

Embora seja o tipo sanguíneo mais comum na população brasileira, é também o mais requisitado no Hemocentro de Brasília. Já os tipos menos frequentes, como AB positivo (2,5%), B negativo (2%) e AB negativo (0,5%), apresentam naturalmente um menor volume de doações devido à baixa incidência na população. “A quantidade de doações de cada tipo sanguíneo reflete diretamente sua representatividade na população geral”, comentou Kelly.

Em 2023, o Hemocentro registrou um aumento de 6,5% nas doações de sangue em comparação a 2022, impulsionado pela recuperação do movimento pós-pandemia. Esse crescimento manteve o patamar alcançado em 2024, quando o Hemocentro de Brasília recebeu 69.309 candidatos à doação de sangue, resultando na coleta de 58.526 bolsas. Segundo a gerente de captação, “as coletas realizadas permitiram a realização de 96.088 transfusões de sangue, atendendo à rede pública de saúde do Distrito Federal e hospitais conveniados”.

Doar para salvar vidas

Com 45 anos, a estudante Cibele Elias Corrêa realiza doações de sangue há mais de uma década. Ao longo do ano, ela faz o número máximo de doações permitido para mulheres. Segundo Helena Beatriz da Silva, 48 anos, técnica do Hemocentro, mulheres podem doar até quatro vezes por ano, com intervalo de três meses. Homens podem doar a mesma quantidade no ano, mas com intervalo de dois meses. A diferença se deve ao fluxo menstrual das mulheres.

Com tipo sanguíneo O positivo, Cibele é motivada por uma história pessoal. “Meu pai de criação já precisou de sangue quando estava com câncer, então isso me deixou mais sensível à importância desse gesto. Eu sempre doo sangue para salvar vidas”, relatou.

Na tarde desta quinta-feira, foi a segunda vez que Leandra Rodrigues, 25 anos, empreendedora, doou sangue. Ela pretende voltar anualmente para fazer a doação. Já a advogada Valesca Lopes Cardoso, 40 anos, doa sangue todo ano há mais de sete anos. Para ela, a motivação é simples: “Saber que vou ajudar alguém, independente de quem seja”, disse Valesca.

Condições básicas para doação

Para doar, é preciso ter entre 16 e 69 anos. Menores de 18 devem apresentar o formulário de autorização, disponível no site do Hemocentro, e cópia do documento de identidade com foto do pai, mãe ou tutor. Idosos devem ter realizado pelo menos uma doação de sangue antes dos 61 anos.

É necessário, ainda, pesar mais de 51 quilos, dormir pelo menos seis horas na noite anterior, não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação e não fumar duas horas antes. Não é necessário fazer jejum; no entanto, é recomendável evitar alimentos gordurosos pelo menos três horas antes da doação. Se a doação for após o almoço, é necessário aguardar duas horas após a refeição. Mais informações podem ser consultadas em hemocentro.df.gov.br.

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