Ilha de Marajó, famosa pelos búfalos, tem praias e passeios por rios e floresta

marajó

VENCESLAU BORLINA FILHO
ILHA DE MARAJÓ, PA (FOLHAPRESS)

O tempo passa mais devagar na Ilha de Marajó, no Pará. A impressão é de que tudo contribui para que o relógio opere mais lentamente, desde o típico café da manhã marajoara, com leite e queijo de búfala no pãozinho caseiro, até os longos passeios nas praias, com a revoada dos guarás e o jantar à meia-luz, que pode variar de um bom filé com queijo ou um peixe amazônico na brasa com farinha e vinagrete.

A cerca de três horas de barco de Belém, o local é considerado o maior arquipélago cercado por rio e mar do mundo, com 50 mil km² -maior que países como a Suíça e a Dinamarca.

De natureza praticamente intacta, formada por belíssimas paisagens, praias, campos alagados e igarapés, a ilha é composta por 16 municípios, mas apenas dois deles se destacam no turismo: Soure e Salvaterra.

Soure é considerada a capital informal do Marajó. Com 24,2 mil habitantes, de acordo com o Censo, tem como atrativos quatro grandes praias: Barra Velha, Pesqueiro, Céu e Caju-una, todas de águas quentes.

Sob forte influência das marés, os cenários se modificam de tempos em tempos, desnudando a beleza dos lugares.

A praia do Céu, a 16 quilômetros do centro de Soure, é uma das que mais se destacam. Na maré baixa, pequenas lagoas se formam na extensa faixa de areia e refletem parte do céu -daí o nome do lugar.

Conta com dois restaurantes de comidas típicas (peixes e crustáceos, basicamente) e bebidas geladas, o que deixa a experiência ainda mais agradável.

Já a pequena comunidade local guarda uma arquitetura típica. Nas casas de madeira, algumas elevadas, famílias inteiras passam o dia trabalhando em atividades extrativistas, ou então observando o vaivém dos turistas.

Para chegar ao local, uma das opções é contratar o serviço de mototáxi. Mas é possível chegar de carro, transporte por agência de turismo e até de bicicleta.

A praia da Barra Velha é a mais próxima da cidade. Fica a menos de quatro quilômetros. Na maré cheia, a água vem próximo das barracas dos restaurantes e chega a derrubar árvores. O cenário fica incrível para fotos. Uma das iguarias servidas nas barracas locais é o caldo de turú, um tipo de molusco encontrado nas madeiras de manguezais.

A praia do Pesqueiro é uma das mais bonitas de Soure. No entanto, na última temporada de cheias, a faixa de areia sofreu erosões, modificando o cenário. Há diversas barracas no local, com quiosques cobertos de palha de palmeira e redes. Já a praia do Caju-una, com seus coqueiros, é um excelente espaço para fotos.

Da Comunidade do Pesqueiro, o turista pode optar por fazer um passeio de barco por rios e igarapés. A paisagem, ainda intocada, revela as belezas da Amazônia. O passeio pelo rio pode contemplar a revoada dos guarás, ave de bico longo e cuja cor das penas fica avermelhada em razão da alimentação à base de caranguejos.

O caminho rumo à praia do Céu esconde outros atrativos, como as fazendas de criação de búfalos e de produção de queijos. Algumas delas oferecem passeios montados em búfalos e cafés da tarde com delícias marajoaras. Na cidade, casas de café também oferecem iguarias regionais.

Aliás, o queijo de búfala produzido na Ilha de Marajó tem, desde 2021, o registro de Indicação Geográfica concedido pelo Inpi. O título permite que o nome da região seja utilizado oficialmente nos produtos.

Ainda na cidade, é possível visitar a produção e comprar as famosas cerâmicas marajoaras, apreciar a arquitetura das igrejas e fazer compras. À noite, não deixe de participar das rodas de carimbó e se divertir ao ritmo musical, além de tomar sucos de frutas regionais.

Já Salvaterra, com 24 mil habitantes, segundo o IBGE, é um dos 16 municípios da Ilha de Marajó. Fica ao lado de Soure, porém divididos pelo rio Paracauari. No território, um dos passeios mais interessantes é o dos igarapés e balneários. No verão amazônico, no segundo semestre, eles ficam lotados.

Mas o mais incrível de Salvaterra está na praia de Joanes. As águas quentes da baía de Marajó são um agradável convite para o banho, que depois pode ser estendido por um delicioso almoço à sombra de árvores frondosas. No cardápio, muitos peixes e crustáceos. Mas há opções com carnes.

Ali perto está um dos pontos mais fotografados de Salvaterra, as ruínas da Igreja Jesuíta de Nossa Senhora do Rosário. Elas são um resquício da presença dos jesuítas na região. O pôr do sol no local é imperdível.

Assim como Soure, Salvaterra também tem na criação dos búfalos uma das formas de subsistência. Mas a produção de abacaxi é um atrativo à parte. A fruta tem acidez muito mais baixa por ali. Para encerrar o passeio pela cidade, visite a praia da Pousada dos Guarás e a praia Grande. Não se esqueça do protetor solar, de boné ou chapéu, de usar roupas leves e de beber muita água.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.