Governo colombiano denuncia plano do ELN para assassinar negociador de paz

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O alto comissário do governo colombiano para a paz, Otty Patiño, denunciou nesta quinta-feira (16) que o ELN está “pagando assassinos” para que matem um dos responsáveis por negociar com esta guerrilha, em meio aos truncados diálogos, que já duram mais de dois anos.

Os guerrilheiros “tomaram a decisão, e a implementaram, de assassinar Álvaro Jiménez”, negociador de paz com o ELN e principal assessor de Patiño, afirmou o funcionário do presidente de esquerda Gustavo Petro, em uma entrevista ao grupo de mídia Caracol.

Embora não tenha sido informado de um ataque específico, o alto comissário afirma que “estão pagando assassinos para que o façam”.

“Não é apenas um plano, mas uma decisão e uma contratação”, disse mais cedo à Caracol Radio.

Patiño assegura que, para concretizar o assassinato, a guerrilha fez uma “oferta aberta” e designou Pablito Arauca, “que atualmente gerencia o dinheiro no ELN”.

O alto comissário considera que o suposto plano do ELN “é um atentado em si, não apenas contra Álvaro, mas contra todo esse processo de paz”, que ainda não conseguiu resultar em um acordo entre as partes.

O governo reprova a pouca disposição da guerrilha em assinar a paz, o que se evidencia em ataques contra a população civil e as forças de segurança.

Por sua vez, os rebeldes denunciam uma estratégia de Bogotá para dividi-los, ao reconhecer nas negociações a facção “Los Comuneros del Sur”, um grupo dissidente do ELN que opera no departamento de Nariño (sudoeste).

“Eles manifestaram há muito tempo que Álvaro foi o homem que organizou toda a questão do fracionamento dos Comuneros, o que não é verdade”, sentenciou Patiño.

Petro começou a dialogar com o ELN no final de 2022, quando se tornou o primeiro presidente de esquerda a chegar à presidência da Colômbia.

Após diversas crises, o governo colombiano e o ELN retomaram as negociações de paz em novembro. Os diálogos haviam sido suspensos em setembro após um ataque dos rebeldes contra uma base militar, no qual três soldados morreram e 28 ficaram feridos.

O governo anunciou o início de uma “nova etapa” nas negociações para janeiro, quando se espera discutir a trégua suspensa desde agosto.

“Realmente tem sido grande a generosidade do presidente e, certamente, a paciência que a delegação de paz do governo tem demonstrado com a guerrilha durante os contatos”, disse Patiño.

© Agence France-Presse

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