Após mudança de gestão, hospital federal do RJ que pegou fogo em 2020 reabre 100 leitos

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YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

O Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro, reabriu 100 leitos nesta sexta-feira (17). A unidade está, desde outubro de 2024, sob gestão do Grupo Hospitalar Conceição, e faz parte do plano de reestruturação dos hospitais federais do Rio, o que inclui a transferência das administrações.

Os 100 leitos já estão em funcionamento, segundo a administração do local. Cirurgias cardíacas e transplantes renais já foram realizados. Outros 118 leitos serão reabertos até o fim de janeiro, de acordo com prazo estipulado pelo grupo hospitalar.

A emergência, fechada há quase seis anos, também deve ser reaberta com 50 leitos até o fim de janeiro.

A previsão é de que o hospital funcione na sua capacidade completa com 423 leitos, sendo 70 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O Hospital Federal de Bonsucesso pegou fogo em 2020. Na época, três pessoas morreram. O local já sofria com instalações elétricas precárias desde antes do acidente. Nos últimos anos, a unidade deixou de atender em sua total capacidade e sofreu com outros problemas estruturais.

A gestão da ministra Nísia Trindade, do Ministério da Saúde, esteve sob críticas desde 2023 devido à situação dos hospitais federais do Rio. Uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo evidenciou, em março de 2024, a situação precária das unidades de referência no atendimento de alta complexidade.

Com a repercussão, a pasta exonerou o então diretor do DGH (Departamento de Gestão Hospitalar), Alexandre Telles.

O Ministério afirma que investirá R$ 218 milhões em 2025 para melhorar a infraestrutura do Hospital Federal de Bonsucesso. “Hoje é uma primeira etapa do que entregaremos. Foi feito um grande esforço na parte elétrica, mas não fizemos uma obra de transformação do hospital. Onde tem estrutura adequada não tem que mexer”, afirmou a ministra, que visitou o hospital nesta sexta-feira (17).

“Muitas pessoas da capital e da região metropolitana, especialmente a Baixada Fluminense, dependem desse hospital. Ele é referência em transplantes e nefrologia.”

A pasta elaborou para os hospitais federais cariocas um plano de reestruturação, cuja principal mudança é a transferência da gestão. O Hospital Federal de Bonsucesso passou a ser administrado pelo Grupo Hospitalar Conceição, do Rio Grande do Sul, empresa pública vinculada ao governo federal.

“O hospital tinha telhados em que se chovia dentro e precisava de melhoras no cabeamento de energia elétrica. Contratamos seis grandes geradores para dar sustentabilidade energética. Compramos R$ 30 milhões de equipamentos em trinta dias”, disse o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barrichello.

Dentre as mudanças, o Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, e o Hospital Federal do Andaraí foram municipalizados à Prefeitura do Rio em dezembro de 2024. O governo federal repassou R$ 150 milhões ao município para reorganizar as unidades, que conviviam com leitos impedidos e filas para atendimento.

Para o Hospital Federal dos Servidores do Estado, um dos que mais sofre com a falta de estrutura, o plano é uma fusão com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. Em 2024, funcionários relataram à Folha episódios de insalubridade, como cirurgias em salas inundadas.

O Hospital da Lagoa e o Hospital de Ipanema ainda não têm destinação. Para a Lagoa, há uma proposta, segundo o Ministério da Saúde, para a integração com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), através do Instituto Fernandes Figueira.

No Hospital Federal de Bonsucesso, a transferência da administração para o grupo gaúcho gerou forte mobilização contrária de servidores, que acamparam na porta e impediram, durante alguns dias, a entrada da nova direção. Os servidores temiam demissões e mudanças no perfil administrativo do hospital.

O diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição afirma que está em diálogo com sindicatos das categorias de enfermeiro e auxiliar de enfermagem. O atual período de transição da administração, nos primeiros 90 dias, teve a contratação de 2.000 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e nutricionistas.

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