Família, livros e a luta pelos direitos: conheça a trajetória política de Nicole Weber

Natural de Cerro Branco, 37 anos, advogada, pós-graduanda em Neurociência e Psicoterapia, filha de Alessandro e Solanja Garske Weber e neta de Bodo Rolando Weber, ex-prefeito de sua terra natal. Nicole Weber luta pelos direitos da população, em especial os das mulheres, como vereadora de Santa Cruz do Sul desde 2021. Em seu segundo mandato, ela é uma representante feminina no Legislativo do município e assume o principal cargo do plenário neste início de 2025: a presidência da Câmara de Vereadores.

No entanto, o envolvimento de Nicole com a política começou muito antes de ela assumir essa missão. Ainda criança, e morando em Santa Cruz do Sul, candidatava-se para espaços de liderança, o que seguiu até depois de ter ingressado no curso de Direito pela Universidade de Santa Cruz (Unisc), em 2005. “Na escola, fui eleita líder de turma. Sempre participei da Juventude Marista. Integrei a União dos Estudantes de Santa Cruz do Sul, fui presidente do Grêmio Estudantil São Luís e vice-presidente do Diretório Acadêmico da Unisc”, conta.

Quando ela era professora de cursos preparatórios para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a política bateu à porta de Nicole novamente: um convite para ser a coordenadora da Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa, na equipe da deputada estadual Kelly Moraes. Depois disso, decidiu candidatar-se à Câmara, e foi eleita.

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Desde muito cedo, Nicole teve o incentivo dos pais para buscar espaços em prol daquilo em que acreditava. Na política, viu uma oportunidade de lutar pelas pautas que sempre defendeu e de ser essa representatividade feminina. “Parei para pensar, ‘vou encarar isso? Quer saber, fiz isso a minha vida inteira’. “E deu certo”, comemora.

O combate à violência doméstica está entre as suas pautas

À frente da presidência da Câmara de Vereadores, Nicole quer aproximar o Legislativo e o povo
À frente da presidência da Câmara de Vereadores, Nicole quer aproximar o Legislativo e o povo

Ao longo dos primeiros quatro anos, Nicole elencou para levar ao debate diversas pautas de proteção às mulheres e de combate à corrupção. Como presidente do Conselho de Ética da Câmara de Vereadores, foi uma das vereadoras que mais se destacaram na busca por esclarecimento de fatos da Operação Controle, que denunciou políticos por crimes de organização criminosa, peculato, fraude em licitações e contratos em Santa Cruz.

“Se me perguntarem como me destaquei nesse mandato, ainda é chocante para a sociedade ver uma mulher que dá a cara a tapa e tem coragem de expor sujeiras, de ir contra um sistema.”

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Nicole também trabalha em projetos voltados para a causa do autismo; crianças, principalmente quanto ao abuso infantil; pedofilia e ciberpedofilia; idosos; e fomento a Santa Cruz do Sul.

Um pilar que sempre foi sua prioridade, mesmo antes de se tornar vereadora, é a luta contra a violência de gênero. “Meu primeiro ato como ativista foi a passeata pelo fim da violência contra a mulher depois da morte de Ana Paula Sulzbacher”, relembra. Ana Paula era uma jovem de 15 anos que, em 2012, foi estuprada e morta após ser arremessada de uma altura de mais de 40 metros, no Parque da Cruz. “Ela era uma pessoa muito próxima da nossa família. Aquilo mexeu muito comigo.”

Nicole Weber ressalta que, em meados de 2019, diversas mulheres já a procuravam em busca de ajuda. Hoje, seu gabinete funciona como um órgão da rede de proteção às diferentes formas de violência contra a mulher. “A maior conquista da minha carreira, e como pessoa, foi trazer a vara de violência doméstica”, enfatiza a vereadora.

Pelas mulheres na Câmara

De acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres compõem mais da metade da população brasileira, o que corresponde a 51,5%. Na política, conforme estudo da Câmara de Deputados, elas significaram apenas 17,92% dos prefeitos e vereadores eleitos nas eleições municipais de 2024. Isso quer dizer que, entre dez legisladores, um ou dois são mulheres.

É o que acontece em Santa Cruz do Sul. Neste segundo mandato, junto com 15 homens, ela divide a tribuna apenas com uma outra mulher, Bruna Molz. “Ter pouca representatividade feminina na política chega a me doer. Sabemos que política pública para mulheres é feita por mulheres. Por exemplo, a maternidade. Quem é que vive aquilo? A gente”, reflete. Ser minoria na Câmara, para Nicole, é um retrocesso em uma cidade com grandes cientistas, professoras e empresárias.

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E, por ser mulher, Nicole também vive diariamente as consequências de estar em um ambiente que, por muito tempo, foi ocupado apenas por homens. Nas redes sociais, diversos são os apelidos voltados para sua aparência e vestimenta. “No início isso me machucava, mas tu vai aprendendo a ver as críticas que são construtivas. Respeito os mais diversos posicionamentos porque a vivência das pessoas é diferente, só que muita gente não me respeita.”

Sua elegância, seja nas roupas, no cabelo e na maquiagem, é, para ela, uma forma de bem-estar pessoal. “Minha maneira de me portar e de me vestir também é de protesto. As pessoas julgam que mulheres assim têm um perfil superficial”, explica.

Princesa da Oktoberfest

Outro momento marcante: foi primeira-princesa da Oktoberfest em 2007. “Eu, a Naiara e a Tamara nos damos muito bem até hoje. Foi uma experiência muito rica, tenho uma paixão imensa pela Oktoberfest, desde criança”, lembra com carinho.

Nicole, Naiara Pommerehn e Tamara Thom.
Nicole, Naiara Pommerehn e Tamara Thom

O desejo de aproximar as pessoas do Legislativo

O combate à violência contra a mulher também está nas prioridades do trabalho de Nicole enquanto presidente da Câmara de Vereadores. “Agora, vou instalar mais um órgão nessa rede contra a violência doméstica. O Poder Legislativo vai ter a Procuradoria da Mulher. Ali vai ser um balcão de atendimento para fazer o que o meu gabinete faz: orientar e informar”, destaca.

Nicole também assumiu o cargo com outro propósito: “Quero fazer uma presidência que chegue ao povo”. Para isso, quer utilizar as redes sociais como aliadas para que as atividades da Câmara sejam mais vistas.

Além disso, Nicole também quer mostrar que o ambiente político tem espaço para as meninas que sonham com a área e, da mesma forma, empoderar outras na política.

Família, paixão pelos livros e planos

Nicole tem a família como aliada na sua missão
Nicole tem a família como aliada na sua missão

Nicole não é apenas um símbolo de resistência no plenário da Câmara. Ela também é mãe, filha e noiva. O Arthur, de 12 anos, é o parceiro do dia a dia e melhor amigo. Para conciliar a jornada dupla, ela tem como aliada a base familiar de sua mãe e do pai do menina. “Sempre quis ser mãe desde cedo, sou fissurada pelo Arthur. Ele é muito parceiro, muito carinhoso.”

Além disso, estar na estrada virou costume. O futuro marido, Covatti Filho, é deputado federal e trabalha em Brasília. Porto Alegre é, muitas vezes, o ponto de encontro para o casal na rotina corrida. “Ao escolher uma pessoa quando se é mãe, a primeira coisa é gostar do teu filho; a segunda é entender essa rotina maluca. Então, um respeita os compromissos do outro, tentando combinar as agendas. Assim é a nossa vida.” Em maio, os dois vão se casar e o momento é de curtir os preparativos para o casamento.

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Os familiares ainda são seus principais incentivadores. Em 2021, o pai Alessandro teve um AVC e, desde então, é acamado e não consegue se comunicar pela fala. “É uma dor muito grande não poder ter os conselhos do meu pai hoje, mas é uma alegria ele ainda estar aqui, nos comunica do nosso jeito.”

Ao final do turno de trabalho, nem sempre é possível desligar-se. Em 2022, Nicole sofreu um Burnout e, como consequência, desenvolveu fibromialgia. “Eu treinava três vezes por semana, jogava vôlei, corria, sempre envolvida com esporte”, descreve. Com o sonho de ser mãe, ainda neste ano, precisou eliminar os remédios, e as dores ficaram mais aparentes.

A doença não a impede de ter momentos de lazer e de diversão. Muito espiritualizada, Nicole, inclusive, já foi pastora infantil na Igreja Luterana Centro. Entre outras coisas, ama viajar em família, seja para grandes pontos turísticos ou para o interior; ver séries e filmes, mas, principalmente, ler. Uma estante com diversas obras em sua casa é o que chama de maior patrimônio. Uma herança de família que começou com o avô, passou para o pai Alessandro e que ela pretende passar ao filho Arthur. “Tenho uma paixão pela leitura.”

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Inclusive, Nicole está escrevendo dois livros, um sobre violência política de gênero e um “manual rápido para mulheres” com dicas de como se empoderar em um mundo machista.

Outro sonho que já anunciou é a candidatura a deputada estadual em 2026. “Quero levar o que faço para um maior número de pessoas, sempre com foco na comunidade daqui”, projeta.

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