Entenda o que é ‘memecoin’ e como investir na moeda de Trump

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TAMARA NASSIF
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A “memecoin” do presidente norte-americano Donald Trump marca US$ 8,3 bilhões (R$ 50 bilhões, na atual cotação) em valor de mercado na tarde desta segunda-feira (20), dia da posse do republicano.

Cada $TRUMP, como é chamada, está cotada a pouco mais de US$ 40 (R$ 241), segundo dados da Coinmarketcap. O preço inicial era de US$ 0,18 na sexta-feira passada, quando foi lançada, e chegou ao pico de US$ 74 no domingo, até perder fôlego após a primeira-dama Melania Trump lançar a sua própria moeda (a $MELANIA).

O sucesso do criptoativo está sendo atribuído, de acordo com especialistas, ao próprio conceito que define “memecoin”.

São ativos financeiros digitais que surfam em tendências -ou memes, como o nome sugere- da internet e ganham popularidade por causa desses movimentos. Um retroalimenta o outro: conforme o meme cresce, a memecoin ligada a ele cresce também e expande o poder de alcance da tendência.

No caso da $TRUMP, a tendência é o próprio presidente dos Estados Unidos. “Ele lançou a memecoin 72 horas antes de tomar posse. Nesse momento específico do ano, não acho que nenhuma outra personalidade seria capaz de chamar tanta atenção quanto ele”, avalia Fabrício Tota, diretor de novos negócios da plataforma Mercado Bitcoin, que começou a vender a moeda.

A moeda até emula uma foto viral do republicano, na qual ele aparece com o punho erguido logo após ser alvo de um atentado a tiros na Pensilvânia em julho do ano passado. As palavras “fight, fight, fight” (lute, em português), ditas por ele no momento do ataque, também estão estampadas na imagem.

As memecoins se valorizam seguindo a boa e velha lei da oferta e demanda: quanto mais pessoas quiserem comprá-las, maior vai ser o valor. Mas carecem do que o mercado chama de “tese de investimento”, isto é, algo que sustente o valor delas no longo prazo. Elas não têm uma utilidade definida, como ser uma moeda transacional, por exemplo, ou servir como uma aplicação financeira.

“Elas são o que eu chamo de entretenimento financeiro. Tem a mesma finalidade que enviar um meme para um amigo: é divertido, mas não serve para nada. Quando alguém compra uma memecoin, não é pensando em patrimônio, portfólio, reserva de emergência, liquidez. É uma brincadeira”, diz Tota.

Por esse motivo, grande parte das memecoins tem o mesmo ciclo de vida dos memes: elas se valorizam ao pegar carona na tendência, mas logo perdem o momentum quando o meme cai em esquecimento.

A própria $TRUMP é exemplo dessa volatilidade. A moeda disparou no final de semana, mas perdeu valor no instante em que a $MELANIA entrou na brincadeira.

É o que Samir Kerbage, CIO (executivo de tecnologia de informação) da corretora Hashdex, define como fenômeno especulativo.

“O valor do ativo está no nome dele. Dependendo das ondas especulativas, pode até valer muito. Mas, em geral, há uma valorização muito grande seguida por uma desvalorização muito grande. As memecoins são uma força puramente especulativa, sujeitas a essa volatilidade imensa, então não recomendamos que sejam olhadas como uma fonte de investimento sério”, diz ele.

Ainda assim, é possível comprar $TRUMP através de corretoras brasileiras, como Mercado Bitcoin, e estrangeiras, como a Binance. É preciso abrir uma conta na plataforma escolhida, seja por meio de site ou aplicativo, e, nela, procurar por ” OFFICIAL TRUMP”, o nome oficial da memecoin.

Na Binance, a compra é em dólares; no Mercado Bitcoin, em reais.

Trump é um defensor vocal do mercado de criptomoedas. Ainda durante a campanha presidencial, o republicano disse que, se eleito, seu governo criaria uma reserva de bitcoins, assim como os Estados Unidos já fazem com petróleo. Ele também defendeu tornar o país “a capital cripto do planeta”.

No caso da $TRUMP, o presidente detém 80% do ativo através das empresas CIC Digital LLC e a Fight Fight Fight LLC. Os outros 20% foram postos à venda no final de semana.

Em redes sociais, alguns especialistas no tema criticaram a proporção. “Trump possuir 80% e anunciar o lançamento horas antes da posse é predatório, e muitos provavelmente serão prejudicados por isso”, disse Nick Tomaino, ex-executivo da Coinbase, no X, ex-Twitter.

Na mesma linha, Anthony Scaramucci, ex-diretor de comunicações de Trump, disse que o lançamento é ruim para a indústria de criptomoedas e que o movimento do republicano pode fomentar interferência estrangeira no governo dos EUA. “Agora, qualquer pessoa no mundo pode, essencialmente, depositar dinheiro na conta bancária do presidente dos EUA com alguns cliques”, escreveu no X.

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