Hortifrútis pressionam inflação, e industrializados sobem menos

O excesso de chuva em algumas das regiões produtoras afetou a colheita e a oferta de hortifrútis, impulsionando a taxa de inflação dos alimentos neste início de 2025. Esse é um fenômeno recorrente todos os anos.

Já os produtos industrializados e semielaborados começam a ter uma taxa menor de inflação. É o que mostram os dados desta segunda-feira (20) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). A Fipe divulga semanalmente uma taxa de inflação, sempre acumulando a variação dos preços dos últimos 30 dias, em relação aos 30 imediatamente anteriores.

Na divulgação desta segunda-feira, o instituto apontou uma inflação dos alimentos de 1,12% no acumulado de 30 dias até 15 deste mês, acima do 0,95% do mês cheio de dezembro. A inflação geral do período foi de 0,3%.

As maiores pressões no índice vieram dos hortifrútis, que subiram, em média, 4% para o consumidor. Essa tendência de alta reflete o comportamento dos preços no campo, onde a oferta é menor. As frutas ficaram 2% mais caras no varejo, reflexo da alta de maçã, uva e laranja no campo. Os estoques de maçã estão muito baixos, o que força a alta dos preços, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Os legumes subiram 9,5% em 30 dias no varejo, com liderança do tomate, que ficou 20% mais caro. O calor intenso, no entanto, está antecipando a maturação do produto, e a oferta deverá ser maior nas próximas semanas.

A colheita de batata e de cebola também está sendo afetada por chuvas. A oferta de batata é menor, e os preços sobem. Já os da cebola ficam estáveis no campo, devido aos estoques existentes.

Os produtos industrializados perderam força, devido à alta menor dos derivados de leite e de carnes no varejo, mas os panificados voltaram a subir.

As carnes, após uma recuperação de preços em dezembro, mantêm alta, mas com intensidade menor. A bovina, que iniciou dezembro com aumento de 9,5%, subiu 1% nesta segunda quadrissemana de janeiro.

A carne suína se mantém estável no campo, o mesmo ocorrendo no varejo, enquanto o frango, embora não suba nas granjas, ainda tem alta de 2% no varejo, segundo a Fipe.

Café e óleo de soja, dois dos produtos que mais pressionaram a inflação nas últimas semanas, pararam de subir. O óleo de soja, que no início de dezembro estava com alta de 8,5%, acumula aumento de 1,23% em 30 dias.

O café havia atingido o pico de evolução na primeira quadrissemana deste mês, com alta de 10% no varejo, mas mostra taxa menor na segunda, com aumento de 8,6%. Soja e café deverão ter comportamento diferentes a partir de agora. A safra de soja, que promete ser recorde, foi iniciada, e a oferta da oleaginosa cresce. A safra de café deste ano deverá ficar abaixo da média, e será o quinto ano de produção aquém do normal, segundo analistas do BBA Itaú.

A dobradinha arroz e feijão joga a favor do consumidor. Ambos estão com queda no varejo. A safra de feijão é boa, e os estoques de passagem são melhores do que os de 2024. Os preços estão com queda de 1,71% nos últimos 30 dias nos supermercados.

O arroz mantém queda no varejo pela quinta semana consecutiva. O plantio desta safra terminou, e as perspectivas de produção são boas. O Cepea aponta preços estáveis no campo, mas a Fipe indica queda de 0,75% no varejo.

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