Marcos Mion promove militância inclusiva em drama muito previsível

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THALES DE MENEZES
FOLHAPRESS

Como filme dramático, “MMA: Meu Melhor Amigo” é bem simples e muito previsível. Lutador que já foi campeão mundial está afastado dos ringues e dos octógonos e sente a decadência física pelo peso dos anos e a difícil recuperação de uma cirurgia no ombro. Com todas as apostas contra ele, surge a chance de enfrentar o atual campeão, maior, mais forte e mais rápido. E com cara de cruel. A luta pode ser sua chance de redenção.

Bem, impossível ser mais “Rocky Balboa” do que isso. A evidente semelhança é reforçada pelo fato de que Marcos Mion, que interpreta o lutador Max Machadada, fez recentemente uma peça publicitária ao lado de Sylvester Stallone. Mas há muito mais no filme do que o foco na luta, e é aí que tudo melhora de figura.

Max nunca foi um homem de compromisso sério. Faz sexo casual e depois nem consegue lembrar o nome da garota. E logo no começo do filme ele é surpreendido ao descobrir que tem um filho de oito anos, Bruno. Com o teste de paternidade dando positivo, logo ele fica sabendo que a mãe do garoto acaba de morrer.

Laís, a melhor amiga dela, entrega o menino aos cuidados do pai. Assustado com a inesperada responsabilidade, Max aceita ficar com Bruno, e Laís assume como uma espécie de tutora da dupla, ajudando o pai a entender como se relacionar com seu filho.

Nesse filme dirigido por José Alvarenga Júnior, as melhores cenas estão justamente no difícil processo de Max estabelecer contato com Bruno. É um projeto pessoal de Marcos Mion, que tem um filho autista.

Quem tem proximidade com pessoas do espectro autista reconhecerá como verdadeiras várias situações do relacionamento entre Max e Bruno.

Mion escreveu o argumento e é produtor do filme. O filme chega ao circuito após a Justiça não ter aceito um pedido de liminar para evitar o lançamento. A roteirista Camila Rizzo acusa “MMA” de ser um plágio do curta-metragem “Headway”, que também tem como personagens um lutador e um garoto autista. Por enquanto, o processo segue com resultados favoráveis a Mion.

Com sua enorme popularidade, comprovada não apenas pela audiência de seu programa nas tardes de sábado na Globo, mas também pelas inúmeras campanhas publicitárias que usam sua imagem, Mion deve atrair bastante gente ao cinema. O público vai ver um filme que, como panfleto militante pela inclusão autista, se mostra muito eficiente.

Onde a produção derrapa é no roteiro incrivelmente previsível. Quando uma nova cena começa, o espectador já sabe praticamente tudo que vai encontrar ali nos próximos minutos. E é bom ressaltar que o elenco é talentoso e merecia uma história dramática mais elaborada, que pudesse surpreender.

Antônio Fagundes não tem muito o que fazer como o pai de Max. É óbvio que o aparecimento de um neto em sua vida vai fazer com que sua relação turbulenta com o filho mude para algo melhor. Também é muito previsível um relacionamento afetivo entre Max e Laís, interpretada pela sempre boa atriz Andreia Horta.

Com esse elenco de peso, no qual o próprio Mion tem um bom desempenho, e uma ótima fotografia, “MMA” deve cumprir sua missão de militância. Com um roteiro mais caprichado para além das cenas da convivência de pai e filho, poderia ser um filme melhor.

​MMA: MEU MELHOR AMIGO

– Avaliação Regular
– Classificação 10 anos
– Elenco Marcos Mion, Andréia Horta, Antônio Fagundes
– Produção Brasil, 2025
– Direção José Alvarenga Jr.
– Onde ver Em cartaz nos cinemas

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