Milei diz que fica no Mercosul se houver possibilidade de fazer seus próprios acordos comerciais; veja vídeo

Milei

LUCIANA COELHO
DAVOS, SUÍÇA (FOLHAPRESS)

O presidente da Argentina, Javier Milei, disse que vai trabalhar por acordos da Argentina, não do Mercosul. “Farei o que for melhor para a Argentina, disse Milei após discursar como estrela no palco do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça.

Milei, no entanto, afirmou que apesar disso prefere manter seu país no bloco. “Creio que há uma possibilidade de fazermos [um acordo de livre comércio com os Estados Unidos] e continuarmos no Mercosul”, declarou a jornalistas.

Na véspera, ele disse em entrevista à Bloomberg TV que deixaria o bloco se isso fosse condição para se associar aos EUA, onde encontra no recém-empossado Donald Trump um aliado.

Indagado pela reportagem sobre qual seria essa possibilidade, afirmou que é necessário abrir no Mercosul a possibilidade de negociações independentes. “É preciso que cada país possa negociar seus próprios acordos”, disse.

O estatuto do Mercosul prevê que os cinco países-membros (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, suspensa no momento) negociem conjuntamente, e essa é uma das razões, por exemplo, para o acordo comercial com a União Europeia ter levado mais de duas décadas para ser assinado, que finalmente aconteceu no ano passado.

Mas o caminho para um negociação individual existe, embora, como lembrou um diplomata ouvido pela reportagem, um tratado de livre comércio individual seja uma ruptura com os princípios de uma união aduaneira, que adota uma tarifa externa comum a todos o seus membros para importações -caso do Mercosul.

Tampouco seria simples: acordos individuais precisam ser autorizados por todos os países-membros, e, se autorizados, seria necessária uma avaliação das partes sobre o fortalecimento das normas de regra de origem. O objetivo é evitar que que aquela importação que entrou no bloco, no caso pela Argentina, sem pagar a tarifa comum não chegue aos demais países-membros também isenta de imposto.

Outra possibilidade, mais óbvia mas não menos complexa, é transformar o Mercosul em área de livre comércio, explicou o diplomata. O status de uma área de livre comércio, em termos de integração, está acima do de união aduaneira.

Questionado se tinha alguma mensagem aos brasileiros ou ao presidente Lula, Milei respondeu: “Que escutem o que disse em meu discurso”. No palco, ele defendeu o liberalismo, mas também se referiu a ideias progressistas em geral como um “câncer a ser extirpado”.

A respeito do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem se alinha ideologicamente, o argentino lamentou “que tenham cerceado seu direito de ir e vir”, referindo-se à retenção de seu passaporte pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moares, sob o inquérito do 8/1. A medida impediu que Bolsonaro viajasse aos EUA para acompanhar a posse de Donald Trump.

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