O que ‘Ainda Estou Aqui’ e Fernanda Torres precisam fazer para vencer o Oscar

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GUILHERME LUIS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Com “Ainda Estou Aqui” indicado a melhor filme do ano no Oscar, feito nunca antes alcançado por um longa brasileiro, começa agora uma nova fase da campanha que definirá os rumos da sonhada coroação em Hollywood.

Desde o ano passado, Fernanda Torres, que disputa a estatueta de melhor atriz, o diretor Walter Salles e o resto do elenco vinham promovendo o filme em cidades centrais para a indústria, como Los Angeles, Londres e Cannes.

Mas, agora, essa maratona deve ficar mais intensa. O objetivo principal é fazer com que “Ainda Estou Aqui” seja visto pela maior quantidade possível de votantes do Oscar, grupo formado por mais de 10,5 mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. São pessoas que trabalham diretamente com o cinema.

Isso deve se estender até o dia 18 de fevereiro, data limite para os votantes mandarem as suas escolhas finais. A cerimônia de entrega dos prêmios vai acontecer duas semanas depois, no dia 2 de março.

Nesta fase da premiação, com os indicados já definidos, os votantes podem eleger seus favoritos em todas as categorias. É diferente da etapa anterior, quando foram definidos os indicados e apenas profissionais da área correspondente a cada troféu podiam votar -ou seja, atores selecionaram os indicados às categorias de atuação, cineastas escolheram os concorrentes a melhor direção e assim por diante.

Há exceções, como a categoria de melhor filme estrangeiro, para a qual todo votante podia dar palpites desde a escolha dos indicados. É possível atestar, então, que “Ainda Estou Aqui” já fora visto por boa parte dos membros da Academia, dado que alcançou a lista de cinco indicados numa disputa que tinha dezenas de filmes feitos no mundo todo.

No entanto, para Torres, o cenário muda. Indicada, ela passa a depender do apreço não só dos votantes que trabalham com atuação, mas de todos os membros da Academia.

A brasileira vai voltar a Los Angeles até 8 de fevereiro para a nova maratona. Sua agenda de afazeres inclui participar de programas da televisão, ir a eventos glamourosos e acompanhar exibições do filme.

Rodrigo Teixeira, produtor de “Ainda Estou Aqui”, diz que as cidades a serem visitadas e o orçamento dessa etapa de divulgação ainda seriam definidos pela Sony Pictures, distribuidora do filme nos Estados Unidos. Ele respondeu à reportagem durante uma reunião com executivos da empresa.

É esperado que a Sony invista mais dinheiro na campanha do filme brasileiro, dado que “O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar, também lançado pela empresa, ficou de fora do Oscar.

Especialistas em cinema ouvidos pela reportagem afirmam que “Ainda Estou Aqui” terá um difícil rival em “Emilia Pérez”, filme francês que concorre a 13 estatuetas e foi líder de indicações.

“Hoje o universo de votantes se ampliou”, disse o diretor Walter Salles à reportagem quando o filme ainda tentava uma vaga entre os indicados. “Mas a Academia ainda não é equilibrada. Os países da América do Sul juntos têm aproximadamente o mesmo número de votantes que a França.”

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