Empresa vendeu carne podre da enchente do RS como produto nobre no Uruguai

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

A empresa do Rio que comprou alimentos e cosméticos que ficaram submersos durante as enchentes do Rio Grande do Sul vendeu lotes de carne estragada como se fossem produtos nobres do Uruguai. Quatro foram presos.

Empresa lucrou 1.000% com compra e venda, segundo a Polícia Civil. A Tem Di Tudo Salvados gastou R$ 80 mil na compra de 800 toneladas da carne bovina quando o preço original, do produto em boas condições, está avaliado em torno de R$ 5 milhões.

Tem Di Tudo alegou a produtores da cidade de Canoas (RS) que o material seria transformado em ração para animais. A empresa tem autorização para fazer o reaproveitamento de produtos vencidos.

Investigação descobriu que carne foi maquiada e colocada à venda. A Tem Di Tudo lavou as carnes para retirar os resíduos de lama e embalou o produto em caixas que simulam uma marca uruguaia.

“Há informações de que a carne foi maquiada, ou seja, aquela deterioração provocada pela lama, pela água putrefata que ficaram acumuladas no frigorífico, deixou alguns efeitos deletérios. Esses efeitos foram retirados, maquiados, para fazer a revenda”, disse Wellington Vieira, delegado da Decon (Delegacia do Consumidor).

Esquema foi descoberto depois que a empresa gaúcha notou que comprou a carne estragada de volta, como se estivesse própria para consumo. Segundo a polícia, peças da carne estragada foram vendidas para um frigorífico de Nova Iguaçu (RJ), que revendeu para empresas de Minas Gerais. Por coincidência, uma dessas empresas vendeu a carne de volta para o produtor de Canoas.

Produtor percebeu que lote do produto era o mesmo que ele vendeu para ser usado na fabricação de ração e denunciou o caso à polícia. Na quarta-feira (22), a polícia do Rio cumpriu mandados de busca e apreensão na cidade de Três Rios. Duas toneladas de carne estragada foram apreendidas em um supermercado em Gramacho, em Duque de Caxias. O local foi interditado.

Quatro pessoas foram presas em flagrante na operação. Os investigados podem responder pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.

Há duas semanas, uma farmácia também foi alvo de uma operação por suspeita de vender medicamentos e cosméticos contaminados pela água das enchentes. A empresa de São Leopoldo lavava os produtos sujos e redistribuía para suas filiais, segundo a polícia do Rio Grande do Sul. O depósito foi fechado e os donos, autuados.

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