Cobrada por Lula, Nísia libera R$ 590 mi e viaja para promover ‘Mais Acesso a Especialistas’

nísia teixeira

MATEUS VARGAS E RAQUEL LOPES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, deve intensificar a agenda de viagens e eventos para promover o Mais Acesso a Especialistas.

O plano para elevar a popularidade do programa ganhou urgência dentro da pasta no momento em que o governo Lula (PT) discute uma reforma ministerial. Nísia tem sido cobrada pelo próprio presidente pela falta de uma marca forte para sua gestão.

Nesta semana, a ministra visitou cidades do Rio Grande do Sul. Além de divulgar o Mais Acesso a Especialistas, Nísia entregou ambulâncias, esteve em hospitais e conversou com gestores sobre a estratégia de combate à dengue.

O presidente Lula sinalizou que Nísia seguirá no cargo, mas tem exigido que a pasta converta uma ação em bandeira do governo, como os programas Mais Médicos e o Farmácia Popular representaram às gestões petistas passadas.

Segundo o Ministério da Saúde, os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul receberam equipes do Ministério da Saúde para a ampliação do programa Mais Acesso a Especialistas. Também está prevista a realização de visitas das equipes técnicas para reuniões e oficinas com gestores municipais, estaduais e prestadores de serviço entre fevereiro e março, para dar continuidade e suporte à operacionalização dessa política.

De acordo com integrantes do governo, o presidente não está satisfeito com os resultados do ministério. A gestão de Nísia em 2024 ficou marcada por críticas que partiram do próprio Lula, crises sanitárias e pressão do Centrão para ampliar o controle sobre o orçamento.

O Mais Acesso a Especialistas foi lançado no último ano e promete reduzir filas e ampliar o acesso da população a exames e consultas especializadas nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia.

O plano é que pacientes que se enquadram em determinadas situações de saúde entrem em uma espécie de fila única de exames e atendimentos. Esse ciclo de procedimentos, chamado OCI (Oferta de Cuidados Integrados), deve ser concluído em até 60 dias.

A secretaria de saúde que cumprir este prazo receberá do governo federal um valor maior por estes procedimentos do que é pago pela Tabela SUS.

Nas últimas semanas, o programa entrou na fase de liberação de recursos aos estados e municípios que já tiveram os planos de ação aprovados.

A Saúde destinou cerca de R$ 590 milhões, sendo que a maior parte da verba foi entregue nesta semana. As secretarias do estado e dos municípios de São Paulo concentram R$ 129,7 milhões dessa verba.

O governo estima que investirá R$ 2,4 bilhões no programa em 2025. O plano é oferecer tratamentos com prazos mais curtos a ao menos 8,8 milhões de pessoas.

O Ministério da Saúde disse, em nota, que a estimativa é que no primeiro semestre de 2025, cerca de 3,5 milhões de OCIs sejam realizadas. A pasta acrescentou que desse R$ 65,7 milhões serão destinados para a criação dos Núcleos de Regulação e Gestão e R$ 524 milhões para o fomento do programa.

A pasta acrescentou ainda que todos os estados brasileiros, o Distrito Federal, e 5.524 municípios (99,2%) aderiram ao Programa Mais Acesso a Especialistas.

Na quinta-feira (23), Nísia foi a Pelotas e Bagé, no Rio Grande do Sul, para promover o Mais Acesso a Especialistas, entre outras ações do ministério. Os dois municípios gaúchos elegeram prefeitos do PT no ano passado. Paulo Pimenta (PT), ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência, acompanhou a viagem.

“Nós temos programas de indução importantes, que também alavancam recursos de custeio. Como é o caso do programa para redução de filas, do Mais Acesso a Especialistas”, afirmou Nísia à imprensa em Pelotas.

Nísia completou a passagem pelo Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (24), quando esteve em Porto Alegre. Ela entregou equipamentos ao Hospital Cristo Redentor e apresentou o Mais Especialistas a prefeitos e secretários.

Integrantes do governo, porém, ainda buscam a melhor forma de explorar o programa em campanhas de comunicação.

A leitura é de que outras ações que se tornaram marcas positivas das gestões petistas, como o Farmácia Popular e o Mais Médicos, são mais fáceis de promover e associar ao governo.

A tentativa de intensificar a agenda de divulgação das ações da Saúde se dá no momento em que todo o governo federal recalcula a estratégia de comunicação. Em janeiro, Lula demitiu Pimenta da Secom e nomeou como ministro o marqueteiro Sidônio Palmeira.

A ideia é que Sidônio acompanhe mais de perto as ações da Saúde, tidas como relevantes para a popularidade da gestão Lula. Ele já se reuniu com Nísia neste mês.

Além de promover o Mais Acesso a Especialistas, Nísia se reuniu nas últimas semanas com autoridades para divulgar a estratégia de combate à dengue.

A explosão de casos e mortes pela arbovirose gerou críticas ao governo Lula no último ano. No auge do desgaste político, Nísia chegou a ser cobrada pelo presidente durante uma reunião ministerial, em março do ano passado.

A gestão de Nísia também foi alvo de críticas no último ano por causa da falta de alguns modelos de medicamentos e vacinas em todo o país, como doses do calendário infantil e contra a Covid.

A cúpula da Saúde, porém, nega a falta generalizada destes produtos. Ainda afirma que a gestão do SUS é compartilhada, em tentativa de distribuir a responsabilidade com estados e municípios.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde

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