Sobre julgamentos apressados

Tempo de férias, valioso tempo para espairecer, viajar, refrigerar a alma, tempo para ler, mergulhar no mundo maravilhoso de poesias, contos, fábulas, lendas, narrativas… Desde pequenina me encantam histórias. Elas sempre me levam ao devaneio e à reflexão.

Observando o mundo social, principalmente as redes sociais, chama-me atenção a facilidade com que muitos emitem julgamentos apressados em relação a pessoas, a fatos, sem conhecer da missa a metade, bastam inferências. Isso me faz lembrar a saga do corvo de Merseburg. Merseburg é uma cidade em Sachsen-Anhalt/Alemanha e o brasão da cidade ostenta um corvo. Uma saga conta como a ave se tornou símbolo da cidade.

LEIA TAMBÉM: Lissi Bender: receita para o novo ano?

Por volta do ano 1500, morava em Merseburg um bispo, cujo o nome era Thilo von Trota. Certa manhã, ele sentiu falta do seu precioso anel. Ele o havia colocado no parapeito da janela enquanto trocava de roupa. Quando quis recolocar o anel no dedo, não estava mais lá. Como apenas seu servo Johannes havia entrado na sala, imediatamente suspeitou do servo e o acusou: “Você roubou meu anel! “Você é um ladrão!” Ele jogou o pobre Johannes na torre (= prisão). O coitado do servo reiterava aos prantos sua inocência: “Eu não roubei! Sou inocente!” Como o anel não fora encontrado, apesar dos apelos de inocência, o fiel servo foi decapitado pelo carrasco.

Anos se passaram. Uma noite houve uma forte tempestade. O vendaval havia arrancado muitas telhas da cobertura do castelo. Carpinteiros foram chamados para consertar o telhado. Sob uma viga eles encontraram um ninho de corvo e, dentro dele, o anel do bispo. Um corvo havia pego o anel no peitoral da janela e o levado para seu ninho. O servo Johannes havia sido executado inocentemente.

LEIA TAMBÉM: “Por que eles vieram?” – “Warum sind sie gekommen?”

O soberano então prendeu um corvo em uma gaiola e a pendurou na porta do castelo como uma advertência. A imagem do corvo foi incorporada ao brasão da cidade. Desde então, o corvo no brasão lembra e alerta todos, para sempre praticarem justiça e nunca emitirem julgamentos precipitadamente.

Der Merseburger Rabe

Um das Jahr 1500 lebte in Merseburg ein Bischof. Er hieß Thilo von Trotha. EinesTages vermisst er seinen kostbaren Ring. Er hatte ihn an einem Morgen auf das Fensterbrett gelegt, während er sich umzog. Als er ihn wieder von der Fensterbank nehmen wollte, war der Ring nicht mehr da. Da nur sein Diener Johannes das Zimmer betreten hatte, verdächtigte er sogleich seinen Diener und beschuldigte ihn: „Du hast meinen Ring gestohlen! Du bist ein Dieb!“. Er ließ den armen Johannes in den Turm (= Gefängnis) werfen. Immer wieder rief Johannes, er wäre unschuldig: „Ich habe den Ring nicht gestohlen! ich bin unschuldig!” Der Ring aber wurde nicht gefunden. So wurde der alte, treue Diener zum Tode verurteilt. Der Scharfrichter schlug ihm den Kopf ab. Viele Jahre sind vergangen. Eines Nachts gab es einen starken Sturm. Der riss viele Ziegel vom Dach des Schlosses herunter. Am Tag danach kamen die Dachdecker, um das Dach zu reparieren. Unter einem Dachbalken fanden sie ein Rabennest und in dem Nest – den Ring des Bischofs! Ein Rabe hatte den Ring damals vom Fensterbrett weggenommen und in sein Nest getragen. Johannes war unschuldig hingerichtet worden!

Der Landesherr ließ daraufhin einen Raben in einen Käfig sperren und zur Warnung an die Schlosstür hängen. Der Rabe wurde im Stadtwappen aufgenommen. Seitdem erinnert und mahnt der Rabe im Wappen alle, immer Gerechtigkeit zu üben und nicht vorschnell zu urteilen.

Obs: Corvos são conhecidos por carregarem objetos reluzentes para seus ninhos. Na Alemanha é conhecida, até mesmo, uma expressão idiomática: “Der stiehlt wie ein Rabe” – “Ele rouba que nem corvo”. A relação das pessoas com os corvídeos é ambivalente: na antiguidade eram reverenciados como mágicos e divinos; na Idade Média, eram considerados anunciadores da morte e da peste. Nesse sentido, Merseburg dedicou em 2024 uma exposição à saga, sob o título: „Von Raben und Rabenvögel in Kulturgeschichte und Kunst“ – sobre corvos e corvídeos na história da cultura e da arte. Fonte: https://www.merseburg.de/de/aktuellesdetails/sonderausstellung-die-merseburger-rabensage.html
A foto acima procede dessa exposição.

LEIA MAIS COLUNAS DE LISSI BENDER

The post Sobre julgamentos apressados appeared first on GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.