Fernanda Torres pede desculpas por esquete com blackface no Fantástico

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Fernanda Torres se desculpou por ter feito blackface —quando uma pessoa branca pinta seu rosto e corpo de preto em um esquete de “A Comédia da Vida Privada”, série do programa Fantástico, exibida há quase duas décadas.

O clipe voltou a circular nas redes sociais, o que levou a revista especializada em Hollywood Deadline a questioná-la sobre o humorístico.

“Há quase 20 anos apareci com blackface em um esquete de comédia de um programa de TV brasileiro. Estou muito arrependida por isso. Estou fazendo esta declaração porque é importante para mim abordar isso rapidamente e evitar mais dor e confusão”, afirma Torres à revista.

No esquete, Torres vive dois papéis Solange, uma dona de casa, e Dalva, sua funcionária doméstica negra. A atriz usou maquiagem para escurecer seu tom de pele.

“Naquela época, apesar dos esforços dos movimentos e organizações negras, a conscientização sobre a história racista e o simbolismo do blackface ainda não havia entrado na consciência pública dominante no Brasil. Graças a uma melhor compreensão cultural e a conquistas importantes, mas incompletas, neste século, está claro agora em nosso país e em todo lugar que o blackface nunca é aceitável”.

“Esta é uma conversa importante que devemos continuar a ter uns com os outros para evitar a normalização de práticas racistas, tanto no passado quanto no presente”, afirma ainda na nota. “Como artista e cidadã global, e com meu coração aberto, sigo atenta e comprometida com a busca das mudanças vitais necessárias para viver em um mundo livre de desigualdade e racismo.”

Torres teve uma maior projeção internacional ao longo dos últimos meses, após ter conquistado um Globo de Ouro e ter sido indicada ao Oscar de melhor atriz por sua performance em “Ainda Estou Aqui”.
“O esquete do Fantástico, produzido pela Globo, não tem nada a ver com a performance elogiada de Torres no filme lançado pela Sony Pictures Classics e que também foi indicado para melhor filme e melhor filme estrangeiro”, escreve o Deadline.

Nas redes sociais, defensores de Torres e fãs brasileiros acusam o portal de recuperar a cena polêmica para deliberadamente prejudicar as chances da atriz ao prêmio da Academia.

A atriz disputa o Oscar com Demi Moore, de “A Substância”, Karla Sofía Gascón, de “Emilia Pérez”, Cynthia Erivo, de “Wicked”, e Mikey Madison, de “Anora”. Recentemente, uma “guerra” entre apoiadores das diferentes estrelas ganhou palco nas redes sociais, na qual Fernanda Torres inclusive precisou intervir para pedir respeito a Karla Sofía Gascón.

Em “Ainda Estou Aqui”, ela vive Eunice Paiva, mãe de cinco filhos que decide estudar direito após o sequestro e assassinato do seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, papel de Selton Mello, pela ditadura militar. O longa de Walter Salles, que acompanha a busca de Eunice pela justiça, é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva.

O filme levou mais de 3 milhões de brasileiros às salas de cinema e fez história ao ser o segundo filme brasileiro com maior número de indicações ao Oscar, atrás somente de “Cidade de Deus”.

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