Livre, desde que concorde comigo

O mundo vive uma grenalização política que é temerosa, sobretudo, levando-se em consideração as escolhas dos eleitores. Muitas vezes, o voto é uma forma de protesto e não uma opção consciente de quem acredita que a pessoa eleita pode fazer a diferença ao assumir o cargo almejado. Assim, não raro são escolhidos artistas – por ironia do destino incluindo os palhaços – e figuras com relevante conhecimento público, mas nada ou quase nada de bagagem para assumir um cargo no Legislativo ou Executivo, em todas as esferas.

O que se observa são declarações levianas, atitudes impulsivas e atenção ao que foge das demandas da sociedade. Tornou-se mais interessante aos gestores agradar ao tribunal das redes sociais do que dar resolutividade aos problemas dos cidadãos. Não precisa corrigir o que está incorreto, basta parecer que está fazendo isso.

LEIA TAMBÉM: Ao me despedir, peço desculpa

E, assim como a polarização, antes restrita aos participantes das campanhas políticas e aos próprios candidatos, os discursos de ódio têm sido incentivados. São falas absurdas contra grupos sociais, étnicos ou integrantes das chamadas minorias, que recebem muitos aplausos convertidos em curtidas. Na Câmara Federal, a disputa não é entre os que apresentam os melhores projetos para seus representados, mas quem consegue maior número de visualizações e curtidas. É praxe tanto da esquerda quanto da direita.

Certo estava o Odorico Paraguaçu, personagem interpretado por Paulo Gracindo. Apesar de sua verborragia, buscava colocar em prática os seus mirabolantes projetos. “Como diria o rei dos persas, Dario Peito de Aço, pra cada problemática tem uma solucionática. Se não disse, perdeu a oportunidade de ser citado por mim”, afirmou.

LEIA TAMBÉM: Em nome do jornalismo

Enquanto não encontramos uma solucionática para nossa problemática, vamos alimentando a ira, fomentando a discórdia e defendendo a democracia, desde que, claro, todos concordem com aquilo que pensamos ou falamos. Seria tão mais bonito estabelecer uma junção, deixando as diferenças ideológicas para as eleições e pensar, como canta Zeca Pagodinho: “Sou pobre, mas sou brasileiro”.

Ao continuar alimentando a ideia do “nós estamos certos e eles errados”, do “quanto pior, melhor”, do “amor contra o ódio”, dos da “família contra o ex-presidiário”, vamos vendo os bons buscando outros lugares no mundo para chamar de seu. “Meu sertão vai se acabando, nessa vida que o devora. Pelas trilhas só se vê gente indo embora”, cantou o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Ele musicava a seca climática, que é cruel, assim como a inundação de opiniões políticas que vivemos.

LEIA MAIS TEXTOS DE MARCIO SOUZA

quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no nosso grupo de WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!

The post Livre, desde que concorde comigo appeared first on GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.