Negócios de impacto evitam desigualdades em transição verde e digital, diz publicação

Muhammad Yunus

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Negócios de impacto têm soluções socioambientais que promovem equidade econômica e deveriam ser adotadas por governos na transição verde e digital pela qual o mundo passa. Essa é uma das mensagens da publicação lançada neste mês pela Fundação Schwab, entidade-irmã do Fórum Econômico Mundial.

O relatório “Desbloqueando a Economia Social: Rumo à Equidade nas Transições Verde e Digital”, disponível no site da fundação, aponta que essas soluções têm o potencial de criar US$ 10,1 trilhões em oportunidades de negócios e 395 milhões de novos empregos até 2030.

“No entanto, os custos e benefícios dessas transições não são distribuídos de maneira equitativa, pois 2,6 bilhões de pessoas ainda não têm acesso confiável à internet e 760 milhões estão sem acesso à eletricidade”, diz a publicação.

O tema foi debatido no fórum global em Davos, na última semana. “Negócios de impacto criam empregos para grupos marginalizados, tornam produtos verdes e digitais mais acessíveis e fornecem acesso a financiamento”, afirmou Daniel Nowak, head de Inovação Social no Fórum Econômico Mundial, em mesa com Muhammad Yunus, Nobel da Paz pioneiro ao falar de negócios sociais, e atual chefe do governo interino de Bangladesh.

Empresas que priorizam o impacto socioambiental no lugar do lucro foram descritas como força econômica cada vez mais capaz de influenciar o setor público.

“Em 2024, a Assembleia Geral da ONU adotou uma segunda resolução sobre a economia social e solidária e o Brasil incluiu a inovação social como prioridade em sua presidência do G20”, afirmou Nowak.

A publicação revela que há mais de 10 milhões de negócios de impacto ao redor do mundo -a maioria deles chefiados por mulheres.

“Negócios de impacto geram coletivamente cerca de US$ 2 trilhões em receita anual, representando de 2% do PIB global, mais do que toda a indústria da moda”, afirma François Bonnici, diretor da Fundação Schwab e chefe de Fundações no Fórum Econômico Mundial.

Em novembro de 2024, Bonnici esteve no Brasil para a cerimônia do Prêmio Empreendedor Social, realizado pela Folha de S.Paulo e pela Schwab. O executivo pôde conhecer lideranças à frente de ONGs, startups e negócios de impacto que chegaram à final do concurso brasileiro.

Neste mês, o brasileiro Valmir Ortega, fundador da Belterra Agroflorestas, foi reconhecido como Empreendedor Social do Ano pela Fundação Schwab, e passa a integrar a comunidade de inovadores sociais globais. A Belterra regenera milhares de terras degradadas por meio de sistemas agroflorestais no Brasil.

“À medida que se expandem e se integram na economia convencional, empresas sociais representam não apenas um modelo inovador de desenvolvimento sustentável, mas também um novo tipo de liderança, que valoriza a colaboração e a compaixão tanto quanto os resultados”, disse Bonnici.

A publicação aponta ainda como governos podem destravar o potencial da economia social nas transições verde e digital. Entre elas, desenvolver estruturas regulatórias de apoio, criar incentivos fiscais, tornar os canais de compras públicas e privadas mais inclusivos e mensurar impacto social.

“Políticas sólidas e inclusivas são, e continuarão a ser, a base de uma transição ainda mais forte. Com um ambiente favorável adequado, a economia social pode acelerar sua contribuição para a equidade em todo o mundo”, conclui o relatório.

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