Exclusivo: ex-namorada de romeno procurado pela Interpol fala pela primeira vez

Em entrevista exclusiva concedida à repórter da NDTV Record, Greici Siezemel, a ex-namorada do romeno foragido e procurado pela Interpol por ter matado um homem e ferido gravemente uma mulher contou detalhes de como tudo aconteceu.

Foto mostra Michael Luciano Borzas, romeno foragido procurado pela Interpol

Romeno procurado pela polícia não aceitava término de relacionamento, informou a PM – Foto: Instagram/Reprodução/ND

Michael Luciano Borzas, de 20 anos, é o principal suspeito de ter invadido uma casa em um condomínio de Balneário Camboriú, atirado e matado um homem e ferido gravemente a mulher dele, funcionária do local. Depois, ele teria fugido após deixar a casa em chamas.

O cidadão romeno ainda está foragido e integra a lista da difusão vermelha da Interpol. Para manter a segurança, a jovem não será identificada.

Romeno foragido: o princípio de tudo

Tudo começou em junho de 2024, quando Borzas veio para o Brasil pela primeira vez e conheceu a brasileira em Balneário Camboriú. Os dois, então, engataram um romance.

O relacionamento iniciou em meados de 2024, em Balneário Camboriú – Foto: Reprodução/ND

Depois de um mês, ele voltou para a Noruega, país onde morava há alguns anos. Lá, cursava cibersegurança em uma universidade. Em setembro, ele resolveu voltar ao Brasil para manter o relacionamento. Borzas chegou a alugar um apartamento na cidade, mas desde dezembro foi morar na casa da família da moça, local onde o crime ocorreu.

A irmã do romeno chegou a vir para o Brasil e ficou hospedada na casa por alguns dias.

“Em dezembro ele começou a se mostrar mais ciumento do que no início da relação, demonstrando formas de pensar diferentes do que no início. A gente já tinha tido discussões, mas ele nunca tinha ido para esse lado da violência”, inicia.

Casa do padrasto da jovem foi incendiada – Foto: Reprodução/ND

Primeira agressão

No dia 7 de janeiro, a jovem saiu de Balneário Camboriú para levar o namorado ao aeroporto de Florianópolis, lá, ele embarcaria para o Rio de Janeiro/RJ, para passar alguns dias com a irmã e, então, voltar para a Noruega.

O plano inicial era que a namorada fosse para Europa, onde faria um intercâmbio nos próximos meses e seguiriam o namoro por lá.

Após fazer o check-in, Borzas teria dado falta de seu passaporte. Ela, então, pediu para que ele fosse até o carro procurar o documento, enquanto ela esperava com as malas dentro do aeroporto.

Violência contra a jovem ocorreu no estacionamento do aeroporto – Foto: Aeroporto de Florianópolis/Divulgação

Ao não conseguir encontrar o que procurava, ele ligou para ela pedindo ajuda. Então, eles trocaram de lugar: enquanto ele ficaria com as malas, ela procuraria os documentos perdidos. Porém, ele a segue até o carro e ela descobre que os objetos estavam dentro da mochila que ele carregava.

“Ele começa a dizer que está passando mal, que não consegue respirar, e daí eu tento acalmar ele. Eu achei que fosse uma crise de ansiedade, um ataque de pânico. Lembro de colocar a mão no coração dele diversas vezes e não estava acelerado, mas mesmo assim eu continuei tentando ajudar ele”, conta a vítima.

A jovem conta que ele pediu para que ela o levasse ao hospital. Ela, então, sugere que procurem o ambulatório do próprio aeroporto, já que era mais próximo. Com os dois fora do carro, ele pede para que ela se abaixe para pegar o celular dele que estava dentro do veículo.

Segundo o relato, esse é o momento em que a violência começa. “Ele vem no mata leão por trás e se joga por cima de mim dentro do carro. Ele consegue me apagar, tanto que no dia eu nem lembrava do que aconteceu”, conta.

Depois que teve acesso à gravação do estacionamento, ela viu que ele fecha a porta do carro, vai para o banco do motorista e, posteriormente, tenta sair do aeroporto com ela ainda desacordada. Mas, na hora que ele dá marcha ré, acaba batendo no carro de trás.

Borzas, então, teria saído correndo do local ao perceber a aglomeração de pessoas. A família da jovem foi ao aeroporto e registrou um boletim de ocorrência sobre a agressão sofrida.

A irmã do romeno, que até então estava hospedada na casa deles, foi junto, mas resolveu não voltar mais com eles.

Troca de mensagens oi registrada – Foto: Reprodução/ND

Na madrugada do dia seguinte, ele enviou um e-mail destinado à irmã com uma mensagem: “Talvez seja a última mensagem que lhe enviarei. Vá até o papai o mais rápido possível, pois ele sabe exatamente o que fazer. Deixe-me terminar o que comecei”. A irmã responde: “Estou com as suas coisas. Me livrei de todo o mundo”.

Perseguição

Dez dias após o registro no aeroporto, um susto: após passarem em uma farmácia e entrarem no carro, ela e a mãe foram surpreendidas com Borzas, que usava um boné, óculos, batom rosa e uma bolsa da mesma cor.

“Minha mãe reconheceu ele e ficamos muito nervosas. Ele passou encarando a gente dentro do carro e seguiu até a esquina e ficou com a mão dentro da bolsa esperando. Saímos dali e no caminho encontramos policiais militares e pedimos ajuda. Buscamos a minha irmã, que estava sozinha com a babá, e fomos para um lugar mais seguro”, diz.


Família gravou momentos em que romeno é flagrado próximo ao prédio após violência em aeroporto – Vídeo: Arquivo Pessoal/Reprodução ND

Esse evento fez com que a família deixasse a casa onde morava, com medo do romeno. No mesmo dia, enquanto se arrumaram para ir à delegacia prestar queixa, viram o suspeito rondando o prédio onde estavam e chamaram a polícia. Porém, Borzas foi embora.

Outro boletim de ocorrência foi registrado, o que não impediu o romeno de aparecer no local mais uma vez, no mesmo dia. A jovem chegou a descer para buscar uma pizza e o avistou do outro lado da rua. A polícia foi chamada outra vez, mas, novamente, ele fugiu antes das viaturas chegarem.

Dia do crime

Mesmo com as ocorrências registradas e uma medida protetiva, o mandado de prisão preventiva só saiu na noite de domingo (19), um dia antes do crime.

Romeno foi flagrado saindo do local do crime – Foto: Reprodução ND

Nesse mesmo dia, Borzas vai até o condomínio onde a família morava, entra e passa horas dentro de áreas comuns, como a sauna. Em seguida, vai para a casa, onde passa a noite. A polícia acredita que ele tenha pulado o muro da residência e utilizado um espeto da churrasqueira para arrombar a janela da lavanderia.

Na manhã de segunda-feira (20), a funcionária da casa chega acompanhada do marido e ambos são feitos reféns por mais de cinco horas. Michael chegou a obrigar a funcionária a fazer café para ele.

Câmeras do condomínio filmaram a chegada do casal logo de manhã – Vídeo: Reprodução/ND

Depois, os levou para a parte de cima da casa, onde ateou fogo.  Ao todo, os proprietários tiveram mais de R$ 1 milhão em prejuízos.

O marido da funcionária morreu no local após ser baleado. Já a funcionária também levou um tiro e segue internada no Hospital Marieta Konder Bornhausen.

A ex-namorada do romeno segue com medo e pede por justiça. “A gente não sabe onde ele está. E agora sabemos que ele é capaz de qualquer coisa. Quero que achem ele, tanto para a família das vítimas ter paz e pela minha família também, para que ele não machuque mais ninguém”, conclui.

 

 

 

 

 

 

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